Mais um grande empresário aceitou fazer acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e com a PF. Trata-se de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, membro do conselho de administração do Estaleiro EBR, dono da Setal Óleo e Gás – que se uniu à japonesa Toyo Engineering para a criação da Toyo-Setal e do EBR –, presidente da Abenav e vice-presidente do Sinaval. Mendonça é acusado de ter pago propinas por meio do doleiro Alberto Youssef, figura central do esquema investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A empresa Tipuana Participações, controlada por Mendonça, depositou R$ 7,3 milhões em contas do doleiro, segundo dados da PF, mas, como as empresas de Youssef nunca tiveram atividade, os procuradores dizem que as transferências eram repasse de propina, o que foi confirmado pelo doleiro em depoimentos.
Com o acordo assinado por Mendonça, já são quatro os que aceitaram contar tudo o que sabem sobre o esquema de corrupção nos contratos da Petrobrás, contando com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o doleiro Youssef e o executivo da Toyo-Setal Julio Camargo. A própria Toyo-Setal já se colocou à disposição do Ministério Público para também fazer um acordo, sendo a primeira empresa a entrar para a lista dos que resolveram cooperar com as investigações.
A entrada de Mendonça para essa lista traz, além de mais uma versão contada por alguém de dentro do mercado, um elo que ainda não estava nos quadros dos que assumiram a participação. No caso, um nome que tem forte presença nas entidades de classe e está no topo do comando das duas maiores associações do setor de construção naval e offshore; o Sinaval e a Abenav, que congregam estaleiros e empresas ligadas a atividades correlatas. Já haviam sido citadas por Costa 15 das maiores empresas do Brasil.
Os contratos envolvendo a Toyo-Setal e o EBR são de bilhões. Os contratos estão avaliados em cerca de R$ 5 bilhões com a estatal, incluindo a construção e a integração dos módulos para a plataforma P-74 (cerca de R$ 1,85 bilhão), que está sendo feita pelo Estaleiro EBR e será utilizada na Cessão Onerosa do pré-sal; a unidade de hidrogênio do Comperj (R$ 1,1 bilhão), sendo feita pela Toyo-Setal; e a unidade de amônia (R$ 2,09 bilhões) para a planta de fertilizantes da Petrobrás em Uberaba (MG), a UFN V, também pela Toyo-Setal.
Além disso, antes da formação da joint venture entre a Toyo e a Setal, em 2012, as duas empresas já haviam trabalhado em parceria em outros projetos para a Petrobrás, como na modernização da Refinaria Henrique Lage (REVAP) e na ampliação do Terminal de Cabiúnas (TECAB).