Não é apenas o ovo de Páscoa que vai pesar mais no bolso dos brasileiros. O ovo de galinha também está mais salgado. Bem mais salgado. Novo levantamento sobre cesta básica, feito pela empresa de inteligência Horus em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV), mostrou que o ovo é o único item que aumentou de preço em todas as capitais pesquisadas.
Na média, a dúzia de ovos brancos passou de R$ 10,49 em janeiro, para R$ 11,43 em fevereiro. E ainda tem mais: dados da Neogrid ― empresa de software para gestão de suprimentos ― mostrou que está faltando ovo nas prateleiras dos supermercados. Isso porque, de acordo com o índice de ruptura (medido pela quantidade de vezes em que um item faltou no estoque dos supermercadistas), o ovo faltou 16% em fevereiro.
Segundo o economista e especialista em gestão supermercados, Leandro Rosadas, um dos motivos para o aumento do ovo de galinha é o custo de alimentação das aves. A educadora financeira, Aline Soaper lembra que os brasileiros reduziram o consumo de carnes, e em contrapartida aumentaram o consumo de ovos, principalmente pelo baixo preço, em 2022.
Ovos ficam muito mais caros em 2023
“A alta no preço do ovo tem a ver com o aumento no custo de produção e de alimentação das aves, principalmente do milho e o farelo de soja. Em 12 meses, o aumento chegou a quase 20%”, pontua Leandro Rosadas. “Na conta desse aumento também dá para incluir as commodities que ficaram mais caras, com a pandemia e a Guerra da Ucrânia. Esse efeito tende a ser sazonal, por que tem a quaresma, época que as pessoas consomem menos carne, e substituem por outras proteínas, incluindo os ovos. O fato de o item estar em falta nos supermercados, também tem haver com inflação, que pode ter incentivado a queda na produção, pelo setor agropecuário.”
As maiores altas registradas no preço dos ovos foram em Fortaleza (CE), onde o preço subiu 4,7%. Em seguida, aparecem São Paulo (SP), com 4,1%, Belo Horizonte (MG), com 3,0%, e Brasília (DF), com 2,9%. Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Salvador (BA) e Manaus (AM) fecham a lista com menos de 2% de aumento. Sobre o maior consumo de ovos no período da Quaresma, o dado também é conformado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo.
Brasileiro já tinha reduzido o consumo de carne bovina
A educadora financeira, Aline Soaper relembra que uma pesquisa realizada pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil), em 2022, mostrou que 67% dos brasileiros reduziram o consumo de carne bovina, motivados principalmente pelo preço (45%). E com isso, passaram a consumir outros tipos de proteínas mais baratas.
“E não foi só pelo preço, a pesquisa também mostrou que 36% das pessoas substituiu a carne bovina, por outras proteínas, por questões de saúde. Com isso, as alternativas vegetais, análogas às carnes ou não, como o ovo, por exemplo, já está na rotina de 65% das famílias brasileiras. A mesma pesquisa apontou, para se ter uma ideia, que 72% dos brasileiros consumiam ovos, mais de três vezes por semana, especialmente para famílias de baixa renda”, lembra Aline.
Diante disso, a educadora financeira, revela que com o aumento do ovo, vale pesquisar e ver quais proteínas tiveram uma baixa. Soaper explica que a moela de frango e o fígado, que estão com preços mais em conta, pode ser substitutos da carne bovina e do ovo. A sardinha congelada ou fresca, também é outra opção que pode ser usada, e está com preço mais convidativo.
“Também dá pra reduzir a quantidade de ovos nas receitas de bolos e pães, com o uso de purê de maça e também de banana. Tem ainda o amido de milho, que substitui o ovo, tanto em receitas salgadas, como doces. Entre outras opções. A regra é pesquisar e criatividade para usar o que estiver mais barato”, finaliza Aline Soaper.
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