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Para conter saques, Grécia anuncia feriado bancário

Segunda-feira será feriado bancário no país, que também vai introduzir um teto para saques diários; credores se recusaram a estender prazo

28 jun 2015 - 18h06
(atualizado às 18h09)
Gregos fazem fila para retirar dinheiro em caixas eletrônicos
Gregos fazem fila para retirar dinheiro em caixas eletrônicos
Foto: Getty Images/ AFP

A Grécia vai introduzir controles de capital e manter os bancos fechados na segunda-feira após os credores internacionais terem se recusado a estender o resgate do país e muitos gregos terem feito fila para sacar dinheiro, levando o impasse em Atenas a um novo e perigoso nível.

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A bolsa de valores de Atenas também será fechada enquanto o governo tenta gerenciar as consequências financeiras da discordância com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os bancos da Grécia, mantidos à tona por um financiamento de emergência do Banco Central Europeu (BCE), estão na linha de frente conforme Atenas se move em direção a um calote de 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI, pagamento que vence na terça-feira.

A Grécia culpou o BCE, que já tinha dificultado a abertura dos bancos ao congelar o nível de financiamento de apoio ao invés de aumentá-lo para cobrir um aumento nos saques por parte de correntistas preocupados.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse que a decisão de rejeitar o pedido da Grécia para uma curta extensão do programa de resgate foi "um ato sem precedentes" que pôs em foco a capacidade de um país de decidir uma questão que afeta os seus direitos soberanos.

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"Esta decisão levou o BCE hoje a limitar a liquidez disponível para os bancos gregos e forçou o banco central grego a propor um feriado bancário e restrições em saques bancários", afirmou ele em discurso televisionado.

Em meio ao drama na Grécia, onde uma clara maioria quer permanecer na zona do Euro, os próximos dias apresentam um grande desafio para a integridade do bloco de moeda única. As consequências para os mercados e para o sistema financeiro mais amplo não são claras.

O governo de esquerda da Grécia vinha há meses negociando um acordo para liberar financiamento a tempo de pagar o FMI. Mas nas primeiras horas do sábado Tspiras pediu um prazo extra para permitir que os gregos votassem em um referendo sobre os termos do acordo.

Premiê da Grécia, Alexis Tsipras
Foto: Yves Herman / Reuters

Credores recusaram este pedido, deixando pouca opção para a Grécia que não o calote, adicionando ainda mais pressão sobre o sistema bancário do país.

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Os credores querem que a Grécia corte pensões e aumente impostos em investidas que Tsipras sempre argumentou que aprofundariam uma das piores crises econômicas do país, onde um quarto da força de trabalho já está desempregada.

Partidos de oposição gregos se uniram para condenar a decisão de convocar o referendo sobre os termos de resgate, mas muitas pessoas são favoráveis.

"Quero que ele (Tsipras) bata com o punho na mesa e diga 'basta!'", disse a moradora de Atenas Evgenoula.

Muitos economistas expressaram simpatia com o argumento do governo grego de que novos cortes nos gastos arriscariam sufocar o crescimento do país.

O FMI tem pressionado os governos europeus a aliviar o peso da dívida de Atenas, algo que a maioria diz que só irá ocorrer quando a Grécia primeiro mostrar cortes no seu orçamento.

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Negociações entre Grécia e credores fracassam
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Estoque de dinheiro

Longas filas foram formadas do lado de fora de muitos caixas eletrônicos neste domingo, com algumas incluindo de 40 a 50 pessoas no centro de Atenas.

O Banco da Grécia disse que estava fazendo "enormes esforços" para garantir que as máquinas permanecessem abastecidas.

O Ministério do Exterior alemão afirmou que turistas indo para a Grécia deveriam levar dinheiro em abundância para evitar possíveis problemas com bancos locais.

O BCE manteve os bancos à tona nos últimos dias com o aumento da sua linha de financiamento, mas disse neste domingo que iria mantê-la no mesmo nível de sexta-feira apesar dos saques. O banco central disse que estava monitorando a situação e que estava pronto "para reconsiderar sua decisão".

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Há uma crescente oposição à linha de financiamento porque outros membros do bloco terão que arcar com seu pagamento se a Grécia sair da zona do euro.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, questionou abertamente a solvência dos bancos gregos, uma condição essencial de qualificação para tal financiamento.

"O BCE sempre disse que, enquanto os bancos gregos fossem solventes, os empréstimos de emergência poderiam ser concedidos", disse ele no sábado.

"E agora há naturalmente uma nova situação que, por causa da evolução da liquidez e solvência de bancos gregos, ou alguns bancos gregos, poderia estar em dúvida."

A chanceler alemã, Angela Merkel, convidou os líderes de todos os principais partidos alemães para uma reunião em Berlim na segunda-feira para discutir a crise.

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Acordo ainda possível

Os outros 18 países do bloco têm culpado a Grécia por romper negociações e comprometeram-se a fazer o que for preciso para estabilizar a área da moeda comum.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse neste domingo que estava em contato com todos os governos da zona do euro para assegurar que a Grécia permanecesse na área de moeda única.

Diversas autoridades disseram que ainda havia tempo hábil para um retorno à mesa de negociações.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que se o voto no dia 5 de julho produzir "um sim retumbante" pela permanência no euro e correção da economia grega, os credores estarão dispostos a fazer um esforço.

Parlamento grego aprova referendo por maioria de 178 votos
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