A Petrobras registrou queda no lucro líquido no terceiro trimestre de 2014, para R$ 3,087 bilhões, segundo balanço não auditado divulgado na madrugada desta quarta-feira, em um anúncio que não incluiu nenhuma baixa contábil relacionada às denúncias de corrupção da Operação Lava Jato.
O lucro líquido da companhia entre julho e setembro de 2013 havia sido de R$ 3,395 bilhões. Na comparação com o segundo trimestre de 2014, houve queda de 38%.
O balanço incluiu baixas contábeis de R$ 2,7 bilhões com a descontinuidade dos projetos das refinarias Premium I e II.
Os resultados, que deveriam ter sido conhecidos em novembro, tiveram sua publicação adiada após o auditor PricewaterhouseCoopers ter se recusado a aprovar as contas da petroleira devido às denúncias de corrupção envolvendo a estatal e algumas das maiores empreiteiras do Brasil. O suposto esquema incluiria pagamentos a políticos.
Segundo informações da Polícia Federal, de procuradores e dos delatores do caso, incluindo o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, executivos da estatal indicados por políticos conspiraram com empresas de engenharia e construção do País para sobrevalorizar refinarias, navios e outros bens e serviços.
"Concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da companhia", disse a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em comentários publicados no balanço.
No documento, a Petrobras diz que continua trabalhando para produzir demonstrações financeiras revisadas pela PricewaterhouseCoopers no menor tempo possível.
A empresa disse que tentou calcular as baixas contábeis em ativos envolvidos nas denúncias estimando a diferença entre o valor justo de cada ativo e seu valor contábil e também a quantificação do sobrepreço decorrente de atos ilícitos, usando informações, números e datas revelados nos depoimentos à Polícia Federal.
Cerca de um terço dos ativos da companhia, somando R$ 188,4 bilhões, passaram por avaliação.
"O resultado das avaliações indicou que os ativos com valor justo abaixo do imobilizado totalizaram R$ 88,6 bilhões de diferença a menor. Os ativos com valor justo superior totalizaram R$ 27,2 bilhões de diferença a maior frente ao imobilizado", informou a Petrobras.
No entanto, a companhia desistiu de usar essa metodologia "pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente".
A empresa disse que vai estudar outra metodologia que tome por base valores, prazos e informações contidos nos depoimentos em conformidade com as exigências dos órgãos reguladores do Brasil e dos Estados Unidos (CVM e SEC).
Balanço do trimestre
O resultado do terceiro trimestre foi impactado por uma queda no lucro operacional, que caiu para R$ 4,6 bilhões, ante R$ 8,8 bilhões no segundo trimestre.
A redução ocorreu, principalmente, por gastos com acordo coletivo de trabalho (R$ 1 bilhão), pelo pagamento de acordo com a Bolívia para importação do gás natural (R$ 9 milhões) e pelas baixas nos ativos referente aos projetos das refinarias Premium I e II (R$ 2,7 bilhões).
Já a maior produção de petróleo, e consequente exportação agregaram R$ 2,4 bilhões ao resultado operacional do terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, indicador do desempenho operacional, somou R$ 11,735 bilhões no terceiro trimestre, ante R$ 13,091 bilhões no mesmo período de 2013.