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Petrobras: 'Há preocupação excessiva do mercado com dívida; geração de caixa é boa', diz diretor

Empresa emitiu US$ 1 bilhão em títulos globais em operação para recomprar títulos antigos e reduzir custo da dívida; Melgarejo diz que o foco é gerar mais valor para o acionista

16 set 2024 - 19h23

RIO - O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse ao Estadão/Broadcast nesta segunda-feira, 16, que há no mercado uma preocupação excessiva com o endividamento da estatal. Mantida a disciplina financeira, sugeriu, haveria espaço para a Petrobras contrair mais dívida de forma segura e gerar mais valor aos acionistas.

'Emitimos US$ 1 bilhão e recompramos pouco mais de US$ 940 milhões, mas há um alongamento e barateamento dessa dívida', diz Melgarejo
'Emitimos US$ 1 bilhão e recompramos pouco mais de US$ 940 milhões, mas há um alongamento e barateamento dessa dívida', diz Melgarejo
Foto: Divulgação/Petrobras / Estadão

"A alavancagem é baixa, a empresa é boa geradora de caixa, tem capacidade de pagamento, e aí tem essa preocupação excessiva. Não entramos nessa não", disse Melgarejo.

"(A preparação do) plano estratégico é o momento em que a gente discute vários indicadores da companhia, com qual nível de caixa vai trabalhar, qual Ebitda ((lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) quer, e qual geração de caixa, nível de endividamento e capex (custo para manter ou expandir as operações) necessário para balancear isso. Nesse momento a gente está justamente discutindo essa volumetria. E, para mim, mais importante do que o tamanho da dívida, é saber se endividando mais eu tenho capacidade de ter maior geração de valor para o meu acionista. Se a resposta for positiva, não tem problema fazer maior endividamento, mantidas todas as condições importantes para a companhia", continuou.

Tradicionalmente, a Petrobras divulga seu plano estratégico quinquenal em novembro de cada ano.

Confira a seguir uma síntese dos principais temas abordados pelo executivo da Petrobras.

Números

A relação entre dívida bruta e Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Petrobras foi de 1,22x ao fim do segundo trimestre, uma alavancagem de fato baixa no universo do óleo e gás.

O teto dessa dívida bruta da Petrobras, estabelecido pela governança da empresa, é de US$ 65 bilhões. Ao fim de junho, a dívida bruta estava a US$ 59,63 bilhões e a líquida a US$ 46,1 bilhões.

No mesmo período, o prazo médio da dívida ficou em 11,76 anos, com custo médio de 6,6% ao ano, indicadores que experimentaram leve alta ante o trimestre imediatamente anterior (prazo de 11,3 anos e custo médio de 6,5% ao ano).

Ao Estadão/Broadcast, Melgarejo salientou o compromisso com a disciplina de capital da Petrobras e, em que pese os comentários, reforçou que maior endividamento somente em caso de investimentos que deem retornos positivos a ponto de pagar a dívida e gerar mais dividendo.

"É nessa lógica que toda a diretoria está trabalhando, uma visão bastante empresarial. Eu venho de banco. Meu 'mindset' é esse e, depois de 37 anos trabalhando assim, ele não vai mudar", disse.

Emissão de títulos

Melgarejo também detalhou que a emissão de títulos globais no valor de US$ 1 bilhão mirou unicamente a redução no custo da dívida da empresa. De fato, ao mesmo tempo a estatal recomprou títulos equivalentes a US$ 941,9 milhões, pagando US$ 918,3 milhões.

Ele disse que há possibilidade de novas emissões desse tipo à frente, mas que agora não há nada no radar. Além da operação de momento, a Petrobras já havia emitido US$ 1,25 bilhão em operação concluída em julho do ano passado, após dois anos seguidos fora do mercado de dívida.

"A Petrobras não tem necessidade de liquidez, então operações como essa servem à gestão eficiente da dívida. Emitimos bem barato a fim de recomprar dívidas mais caras e mais curtas", disse Melgarejo.

Surpresa positiva

O diretor definiu o resultado da operação como "surpresa bastante positiva", em função de uma demanda de mercado de US$ 3,2 bilhões, três vezes maior do que o valor intentado pela companhia. Ele destacou que o spread (diferença) entre a emissão da Petrobras e o título do Tesouro norte-americano ficou em 2,4% (em 2023, esse valor foi de 2,9%), o mais curto em 12 anos. Com relação aos títulos do Tesouro brasileiro, essa diferença foi de 0,23%, que seria a mais curta em 18 anos.

"A ideia era comprimir ao máximo a emissão", disse sobre a operação que terminou com uma taxa de retorno de 6,25% ao ano, após uma partida de 6,5% ano, já bem rebaixada. Em 2023, a compressão foi maior, mas partiu de 7,25% e chegando a 6,625%, acima do retorno desse ano.

Esse retorno mais favorável à Petrobras, disse Melgarejo, se deve às condições macroeconômicas dos Estados Unidos, com o Fed (o banco central americano) já tendo sinalizando corte de juros e à robustez da gestão da Petrobras, cada vez melhor avaliada.

"Temos a cobertura de 16 bancos de investimento e, ontem, um 12º entre eles deu indicação e compra para a companhia. Temos 75% de indicação de compra, a melhor posição desde 2022. Isso é aumento de confiança na tese Petrobras", disse.

Segundo Melgarejo, a maior parte dos investidores que compraram os títulos segue nos Estados Unidos conforme o esperado, mas teria havido participação expressiva de investidores da Europa, da Ásia e do próprio Brasil.

Os títulos recém-emitidos pela Petrobras têm vencimento em 13 de janeiro de 2035. Os pagamentos de juros serão semestrais, começando em 13 de janeiro de 2025.

'Barateamento da dívida'

O impacto da operação é no preço e no prazo da dívida. "O impacto dessa emissão para a dívida em si é imaterial, porque emitimos US$ 1 bilhão e recompramos pouco mais de US$ 940 milhões. Mas há um alongamento e barateamento dessa dívida", disse o executivo.

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'Emitimos US$ 1 bilhão e recompramos pouco mais de US$ 940 milhões, mas há um alongamento e barateamento dessa dívida', diz Melgarejo
Foto: Divulgação/Petrobras / Estadão
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