Novas informações sobre denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras e as próximas pesquisas eleitorais devem ditar como o mercado financeiro reagirá após a queda, na segunda-feira, de 2,45% do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. A baixa foi a segunda maior queda percentual do índice em sete meses.
As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras contribuíram para a variação negativa do índice. Os papéis da estatal registraram uma baixa de 4,91% na segunda-feira. Para analistas, além da delação premiada envolvendo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o pano de fundo eleitoral impactou o desempenho da petroleira na Bolsa.
“A última pesquisa eleitoral mostrou que a presidente Dilma ganhou alguns votos e indicou estagnação da oposição”, diz Elad Revi, analista da Spinelli Corretora. “Isso gerou um certo momento de cautela. A conquista de intenção de votos pela oposição tem puxada a alta de algumas ações.”
Para ele, a denúncia envolvendo a petroleira também contribuiu para a baixa, mas o mercado aguarda mais informações. “É uma gota no oceano, pode vir a ser um problema no futuro se algo for comprovado. [A denúncia] prejudica a imagem, que já não estava nos 100% por uma série de medidas.”
No fim de semana, a Revista Veja publicou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa teria dito à Polícia Federal que dezenas de parlamentares e três governadores teriam recebido pagamentos de comissão sobre contratos da estatal.
Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, as ações da Petrobras têm participado de um “rali eleitoral” neste ano. Novas denúncias de corrupção devem refletir nas próximas pesquisas eleitorais, que, por sua, vez impactam o desempenho das ações.
“A notícia não é boa, queima um pouco a imagem de uma empresa tão importante”, diz o analista. Embora tenha fechado em queda na segunda, os papéis da Petrobras acumulam alta de 35,40% neste ano.
“A eleição vai continuar guiando o mercado. “Todas as notícias ruins, num ano eleitoral, prejudicam o governo. Isso vai contra um projeto de reeleição. E o mercado aposta na oposição”, diz Figueredo.