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Petrobras tem lucro recorde de R$ 188,3 bi em 2022 e pagará R$ 215,7 bi em dividendos a acionistas

Cenário futuro de dividendos deve ser mais modesto diante de críticas de petistas; quarto trimestre pode ser o último com pagamentos tão elevados durante o governo Lula

1 mar 2023 - 22h27
(atualizado às 22h45)
Sede da Petrobras no Rio
10/09/2020
Ricardo Moraes/Reuters
Sede da Petrobras no Rio 10/09/2020 Ricardo Moraes/Reuters
Foto: Reuters

A Petrobras fechou 2022 contabilizando recordes, mas sob forte pressão de políticos ligados ao PT em função do pagamento bilionário de dividendos. A estatal vai distribuir aos acionistas uma cifra de R$ 215,7 bilhões, mais do que o dobro do que foi pago em 2021. Para se ter dimensão dos valores envolvidos, com esse montante é possível bancar três vezes o orçamento atual do Bolsa Família.

A estatal anunciou nesta quarta-feira, 1º, um lucro histórico de R$ 188,3 bilhões, sendo 76,6% superior ao apurado no ano anterior. Um desempenho puxado pelos altos preços do petróleo e derivados no mercado internacional como desdobramento da guerra na Ucrânia.

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No caso dos dividendos, o cenário futuro, porém, deve ser de valores mais modestos. O quarto trimestre de 2022 pode ser o último com pagamentos tão elevados durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na reunião desta quarta-feira, 1º, segundo fontes, o conselho concordou em não frustrar expectativas do mercado financeiro criadas pela administração anterior. Ficou acertado um desembolso de R$ 35 ,7 bilhões, sendo que R$ 6,5 bilhões desse total podem ser usados para investimentos caso seja aprovado na próxima assembleia de acionistas.

Maior crítica da Petrobras dentro do PT, a presidente legenda, Gleisi Hoffman, definiu os dividendos como "indecentes" em postagem nas redes sociais na terça-feira, 28. "Agora é (hora de) rever a indecente distribuição de dividendos da empresa para ela voltar a investir e fazer o Brasil crescer", escreveu.

Gleisi já tinha se manifestado no ano passado contra a política de dividendos da estatal. "Passada a eleição volta a sangria na Petrobras. Não concordamos com essa política que retira da empresa sua capacidade de investimento e só enriquece acionistas. A Petrobras tem de servir ao povo brasileiro", disse ela em novembro na rede social.

A reclamação vem pelo fato do lucro e dividendos recordes se escorarem nos altos preços cobrados aos consumidores, fator de impopularidade e que pressiona a inflação, corroborando os apertos de política monetária que o Planalto têm atacado. Além disso, os membros do PT também defendem a redução da distribuição de proventos para que a Petrobras acumule caixa e faça frente aos investimentos pretendidos nos próximos anos.

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Ainda que mais comedido, outro crítico da gestão da companhia é o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que anunciou um grupo de trabalho com o objetivo de dar maior transparência à política de preços da companhia, que deve mudar a partir de abril, quando o conselho de administração será reformado com a entrada de novos representantes do governo federal. O próprio presidente Lula passou a campanha prometendo "abrasileirar" os preços da gasolina, diesel e gás de cozinha. Prates, por sua vez, já indicou que pretende mudar o PPI e a política de dividendos, mas garante que vai perseguir preços competitivos e observar as flutuações internacionais.

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