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Petroleira Prio tem planos de participar pela primeira vez de um leilão da ANP, diz CEO

Roberto Monteiro, presidente da companhia que completa dez anos neste mês, afirma que consolidação do setor entre as chamadas petroleiras 'juniors' ainda não terminou e pode abrir oportunidades

16 jan 2025 - 17h00

RIO - A Prio, que completa dez anos neste mês, tem planos de participar em 2025, pela primeira vez, de um leilão de blocos exploratórios da ANP, afirma o presidente da empresa, Roberto Monteiro. Segundo o executivo, a consolidação do setor entre as chamadas petroleiras "juniors" ainda não terminou e pode abrir oportunidades.

Prio está sempre 'pensando' em aquisições para aumentar seu portfólio, segundo seu presidente
Prio está sempre 'pensando' em aquisições para aumentar seu portfólio, segundo seu presidente
Foto: Prio/Divulgação / Estadão

A companhia também tem interesse na fatia da Equinor no campo de Peregrino, onde adquiriu 40% participação no ano passado. Monteiro prevê ainda a liberação pelo Ibama da licença ambiental do campo de Wahoo, na bacia de Campos, já no primeiro trimestre do ano.

"Nós somos uma companhia que saiu de seis mil barris por dia de petróleo em 2015, com 100 pessoas trabalhando, para uma companhia de aproximadamente 120 mil barris por dia (bpd), com 2 mil pessoas", diz Monteiro ao Estadão/Broadcast. Ele lembra que, no começo, foi preciso estender a vida útil do campo de Polvo, que seria abandonado em 2016 pelo antigo controlador, e que hoje está produzindo 12 bpd.

As ações da Prio acompanharam essa evolução, saindo de alguns centavos em 2015 para um patamar acima de R$ 40 atualmente. Na avaliação de Monteiro e de alguns bancos de investimento, as ações ainda não refletem o real valor da companhia.

O executivo avalia que o gatilho para a alta dos papéis será a liberação das licenças ambientais pendentes no Ibama — "uma fila indiana de uns dez pedidos", afirma o executivo. Ele ressalta que todas as informações pedidas foram atendidas e que o problema é a falta de pessoal no órgão ambiental.

Além de Wahoo, a demora do Ibama tem segurado também a produção do campo de Tubarão Martelo, que está com dois poços parados há um ano à espera de anuência para a troca de duas bombas da plataforma. Com isso, a produção que poderia ser de 16 mil bpd tem sido de 12 mil bpd, informou Monteiro.

"A gente teve um ano de 2024 difícil, por conta de licenciamento do Ibama, e esse continua sendo o grande gatilho para a valorização das nossas ações. Mas houve coisas positivas: a gente ganhou uma arbitragem contra a IBV, por 36% do campo de Wahoo, compramos parte de Peregrino, e mesmo assim nossa ação não se mexeu. A gente acha que tem uma grande catalisador que deve acontecer, que é o licenciamento ambiental", afirmou.

Ele explicou que o pedido de licenciamento referente a Wahoo envolve a perfuração de quatro poços, que podem chegar a seis, e a instalação de linhas do sistema de produção. Os equipamentos para realizar as atividades (sonda e navio de lançamento de linhas flexíveis) estão mobilizados e são de propriedade da Prio. Já o navio de lançamento de linhas rígidas é terceirizado e custa o preço de uma sonda, explicou Monteiro.

"Até o final do mês vamos ter que tomar a decisão se a gente estende ou não o contrato desse navio", informou. O custo total do projeto de Wahoo é de US$ 800 milhões e já foram gastos US$ 600 milhões em equipamentos. "Se a licença sair a gente começa a produzir em meados do ano e chega ao final do ano 'full', com 40 mil barris por dia", previu. Somada à produção de outros campos, a Prio chegaria ao final deste ano a 150 mil bpd.

Consolidação

Monteiro diz que a petroleira está sempre "pensando" em aquisições para aumentar seu portfólio, mas descartou a compra dos campos em terra anunciados pela Brava. "Não queremos nada de onshore (terra)." O executivo prevê que ainda vai haver "algum nível de reorganização no mercado offshore (mar)", mesmo após a fusão da Enauta com a 3R, e diz torcer para que a Equinor venda sua participação em Peregrino.

"Um campo que a gente olhou foi Peregrino, que compramos um pedaço e adoraríamos poder comprar o outro (60%). Em algum momento, se a Equinor tiver interesse, tendo em vista a produção de Bacalhau...", disse Monteiro, referindo-se ao projeto da petroleira norueguesa no pré-sal da bacia de Santos, um dos maiores projetos de produção offshore do País.

ANP

Outra decisão para este ano é avaliar o que seria a primeira participação da Prio em um leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), visando áreas no entorno dos campos da empresa. A licitação está prevista pelo governo para junho e o foco da petroleira será buscar blocos próximos aos seus ativos. Com isso, a empresa espera aproveitar a sinergia entre as suas operações.

Monteiro pretende continuar a preparar terreno para os planos internacionais da companhia no Golfo do México. O escritório da Prio ainda não foi aberto nos Estados Unidos, mas o esforço para conhecer a região tem levado executivo a viajar com frequência para prospectar negócios.

Já para 2026, a previsão de Monteiro é focar no redesenvolvimento do campo de Albacora Leste, na bacia de Campos, adquirido em 2023, que segundo ele deverá ter o mesmo tratamento do campo de Frade, que passou dos 17 mil bpd para 60 mil bpd após a revitalização. "É um campo que pode ter o mesmo potencial de Frade. Em 2025, será Wahoo, e em 2026, Albacora", disse Monteiro sobre os focos da companhia.

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Prio está sempre 'pensando' em aquisições para aumentar seu portfólio, segundo seu presidente
Foto: Prio/Divulgação / Estadão
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