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PF mira bancos BS2, Rendimento e fintechs em operação sobre movimentação de R$7,5 bi e ligação com PCC

28 ago 2024 - 14h33
(atualizado às 20h26)

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira uma operação que investiga atuação dos bancos BS2 e Rendimento em esquema de movimentação de 7,5 bilhões de reais em contas clandestinas, disseram cinco fontes familiarizadas com o assunto à Reuters, inclusive com ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Viatura da Polícia Federal no Rio de Janeiro
28/07/2015 REUTERS/Sergio Moraes
Viatura da Polícia Federal no Rio de Janeiro 28/07/2015 REUTERS/Sergio Moraes
Foto: Reuters

Segundo duas dessas fontes, os bancos funcionavam como "hospedeiros" de contas bolsões que eram abertas através de duas fintechs de Campinas que não tinham autorização do Banco Central para funcionar: T10bank e I9 pay (InoveBanco).

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Os bancos BS2 e Rendimento afirmaram em comunicados que estão colaborando com as investigações e que atuam dentro das normas vigentes.

"O Banco BS2 informa que está colaborando com fornecimento de informações à Polícia Federal e Receita Federal relativas a movimentações financeiras de um cliente. Estamos prestando todos os esclarecimentos demandados pelas autoridades competentes e reafirmamos nossa atuação em conformidade com a regulamentação vigente", afirmou a instituição que inicialmente foi identificada pela PF pelo antigo nome, Banco Bonsucesso.

Já o Rendimento comentou que atualmente não presta mais serviços para a fintec T10bank e que "segue todas as regulamentações do Banco Central e órgãos competentes" e que "desde o início da relação com o T10bank todas as avaliações recomendadas foram executadas".

Por sua vez, o Inove afirmou que "nega veementemente ter relação com os fatos mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela imprensa". A empresa acrescentou que ainda não teve acesso integral ao conteúdo da investigação e que tem "total disposição de colaborar com as investigações".

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Procurada, a T10bank não se manifestou.

Em nota, a PF afirmou que a operação, batizada de Concierge, buscou desarticular uma organização criminosa que oferecia, por meio das fintechs, contas clandestinas que permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial, mas de forma oculta.

As contas nas duas fintechs, segundo a PF, foram utilizadas por "facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas, tributárias, entre outros fins ilícitos".

Segundo uma fonte da PF que participou da operação, as investigações detectaram que, por meio dessas contas, foi movimentado dinheiro de pessoas ligadas ao PCC e de quem foi recentemente preso pela própria polícia em operação de tráfico de drogas, por exemplo.

"As contas eram anunciadas como contas garantidas porque eram 'invisíveis' ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando por meio de contas bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem", acrescentou a corporação.

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Outro esquema ilegal investigado, conforme a PF, era o uso de meios de pagamento com máquinas de cartão de crédito em nome de empresas de fachada -- não relacionadas aos verdadeiros usuários --, o que permitia a lavagem de dinheiro e pagamento de atos ilícitos de forma oculta.

A Justiça Federal em Campinas determinou o cumprimento de 10 mandados de prisão preventiva, sete de temporária e 60 de busca e apreensão, em endereços nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, incluindo as sedes dos bancos hospedeiros, que "não notificaram o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) quanto às transações suspeitas", disse a PF.

Além disso, foi decretada a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização criminosa para dissimular as operações e o bloqueio de 850 milhões de reais em contas ligadas ao esquema.

As apurações tiveram início no ano passado quando o núcleo de inteligência da PF encontrou anúncios em redes sociais de empresas oferecendo a prestação de serviços bancários sendo que, ao se verificar no BC, elas não tinham autorização para fazê-lo, segundo a fonte da PF com participação na operação.

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Durante a investigação, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) chegou a denunciar o fato ao Ministério Público Federal, que foi juntada aos autos do inquérito policial, informou a PF em nota.

Em comunicado, a Febraban disse que a entidade e os bancos atuam "permanentemente em parceria com forças policiais federais e estaduais, além do Ministério Público, para auxiliar na identificação de crimes e punição de criminosos e vêm contribuindo constantemente para ações policiais".

Os investigados vão responder pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa, acrescentou a PF.

(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier)

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