A edição de outubro do Estudo de Pagamentos Gmattos mostra que, pela primeira vez em seu histórico, o Pix assumiu o segundo lugar isolado no ranking dos meios de pagamento adotados pelo e-commerce brasileiro, avançando para 81,4% de aceitação e deixando para trás o boleto com 75,8% ― ambos estavam empatados com 78% na edição de julho do levantamento.
A ascensão motivou a Gmattos, consultoria que há 20 anos identifica tendências na agenda dos pagamentos online no país, a incluir em seu estudo uma avaliação aprofundada do comportamento do débito, meio de pagamento que tem sido diretamente afetado pelo surgimento do Pix.
O potencial para crescer é muito grande
De acordo com a análise realizada pela consultoria, a aceitação do Pix tem ainda potencial para chegar a 93%, considerando o segmento de lojas que não operam com essa forma de pagamento, mas que aceitam algum tipo de recebimento à vista (débito bandeira ou banco, ou boleto).
Enquanto o Pix dá sinais de alta, o débito permanece estacionado. Nas duas últimas edições do Estudo Gmattos, obteve 30,5% de aceitação, mesmo índice que apresentou entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 ― em março e maio de 2022, sofreu oscilação negativa para 27,1% e 28,8%, respectivamente.
Ao investigar essa discrepância entre as duas modalidades, a Gmattos concluiu que o mercado precisa vencer a resistência dos lojistas para que o débito volte a conquistar mais espaço entre os meios de pagamento adotados no e-commerce.
O Pix ganha nesse comparativo especialmente por uma taxa de conversão média do checkout superior a 80%, ante 30% do débito, significando para a loja um faturamento quase três vezes maior com o Pix.
Aumeta número de lojas que aceitam o Pix
Prova de quão vantajoso o Pix tem sido para os lojistas é o crescimento do percentual de lojas que ofertam benefícios para que os clientes paguem por esse meio. No levantamento deste estudo (edição outubro, com dados de setembro), do total das que aceitavam Pix, 33% disponibilizaram incentivos ― descontos entre 3% e 10% ― para o pagamento com a modalidade, parcela que correspondia a 24% em julho.
Do grupo de lojas que ainda não aceitam Pix, apenas 6,7% não operam com pagamentos à vista. Este indicador vem caindo nas últimas medições (na edição anterior, alcançou 8%), o que revela a tendência pela adoção do Pix mesmo por lojas que, em princípio, não operavam com recebimento à vista.
Outra questão que tem dificultado a adesão ao débito no online é a da autenticação. No caso do débito banco, cujo nível de aceitação é maior que o do débito bandeira (20,4% a 15,3% em setembro), o processo de aprovação exige autenticação forte, a mesma necessária para o consumidor acessar os dados de sua conta corrente. Esse esforço individualizado somente se justifica por algum outro tipo de relacionamento do lojista com o banco.
Recentemente, as bandeiras de aceitação, adquirentes e bancos investiram para reformular o processo de autenticação do débito, de modo a elevar sua usabilidade e performance. 4O novo protocolo de autenticação (3DS 2.0) exige que o lojista forneça cerca de 100 informações adicionais relativas à transação, para que o banco analise em tempo real o risco de fraude e, dependendo do resultado, simplifique o processo de autenticação. Esse protocolo transfere o risco do “chargeback” dos lojistas para os bancos, aumentando a atratividade do débito para os comerciantes.
Para que a implementação do modelo ganhe em escala, porém, além da habilitação de adquirentes, bancos e lojas para esse tipo de autenticação, os bancos precisam assumir o risco das fraudes. Esse movimento evoluiu nos últimos dois anos, mas a implementação não ganhou espaço e prioridade no lado dos lojistas ― e justamente devido ao interesse crescente deles pelo Pix.
“O débito vive seu momento decisivo, com bandeiras e bancos em grande esforço para melhorar a experiência do consumidor e propiciar uma conversão equivalente à do Pix”, sintetiza Gastão Mattos, cofundador e CEO da Gmattos. “O desafio está na mobilização dos lojistas, que precisam acreditar no novo processo e ainda consentir com a transferência de uma centena de informações sobre a venda. São esses dados que vão permitir ao banco avaliar a compra como íntegra para abrir mão da autenticação do consumidor, possibilitando a melhoria da conversão.”
Buy now, pay later: compre agora, pague depois
Outra nova vertente de análise que enriquece esta edição do Estudo de Pagamentos Gmattos é a inclusão do BNPL (Buy Now, Pay Later) como um dos integrantes do ranking de aceitação, dada a rapidez com que a modalidade tem conquistado espaço no mercado.
Sua performance já foi acompanhada na edição de julho, a qual sinalizava que o BNPL era aceito por 15,3% das lojas. Dados de setembro apontam que seu índice de adoção foi de 13,6%.
A oferta mais frequente do BNPL nas lojas observadas foi a do crediário próprio. Também foram identificados dois outros tipos de Buy Now, Pay Later: o financiamento direto através de bancos para seus correntistas e o realizado por meio de fintechs.
As wallets mantêm-se em sua posição
A modalidade das wallets permaneceu no quarto lugar do ranking de meios de pagamento aceitos pelo e-commerce no Brasil, com 47,5% de aceitação ― mesmo percentual que obteve em julho.
O Paypal se consolidou como a wallet mais aceita no comércio online do país. Sua aceitação em relação ao total de lojas que operam com alguma wallet aumentou de 50% em julho para 53,6% em setembro. Algumas lojas inclusive apresentaram promoções para o uso do Paypal.
Destaque ainda para o Nupay, também com ofertas promocionais de utilização. Nos últimos meses, Paypal, Apple Pay e AME se estabeleceram como as wallets mais ativas, juntas representando 75% da aceitação desta modalidade nas lojas online
O bom e velho cartão de crédito
O crédito segue inabalável na liderança do ranking, com os mesmos 98,3% de aceitação que ostenta desde a primeira edição do Estudo de Pagamentos Gmattos, de janeiro de 2021.
O perfil geral de aceitação do parcelado sem juros via cartão de crédito se manteve, com tendência de restrição à quantidade de parcelas. Alguma variação foi percebida na proporção de lojas que aceitavam o parcelamento em 8 vezes ou mais, que passou de 63% em julho/22 para 55% em setembro/22.
O percentual de lojas que oferecem plano de pagamento em 12 vezes sem juros no cartão também diminuiu, de 15% em julho para 13,8% em setembro. Caiu ainda a oferta de desconto para pagamento em 1 parcela no cartão, de 15% em julho para 8,6% em setembro. O plano de parcelamento sem juros mais ofertado em setembro foi o de 10 vezes, em 32,8% das lojas.
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