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Plano Draghi e o acordo União Europeia-Mercosul

Plano ressalta a importância de consolidar alianças comerciais preferenciais com países amigos

27 dez 2024 - 22h10

A situação enfrentada pela União Europeia (UE) aumenta as chances de o acordo comercial com o Mercosul ser assinado, beneficiando os países envolvidos. Novos desafios surgiram com a reversão da bonança provocada pelo crescimento chinês e pela energia barata importada da Rússia. A guerra de quase três anos na Ucrânia exige um sistema de defesa sólido na região. A imigração e o baixo crescimento econômico produzem reações xenófobas, alimentando os movimentos de extrema direita, fortalecidos em muitos países, e colocando a democracia em risco.

O diagnóstico dos desafios atuais está em relatório produzido pelo italiano Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, e entregue à União Europeia em setembro deste ano, e indica caminhos e soluções. A perda de dinamismo na União Europeia é evidente: a diferença de seu produto interno bruto (PIB) em relação ao dos Estados Unidos passou de 15% para 30% entre 2002 e 2023.

Isso decorre da baixa competitividade da economia, provocada, entre outras coisas, pelo custo da energia, considerado o maior entrave aos investimentos por 60% das empresas (2023). O gás custa de três a cinco vezes mais na média da União Europeia do que nos Estados Unidos; a energia elétrica industrial é cerca de 80% mais cara. Sem um mercado unificado de energia, muitos países usam o mercado spot, gerando preços elevados e voláteis, com efeito cascata sobre toda a economia.

As necessidades de investimentos são enormes. Na defesa, os gastos passaram de 3% do PIB, em 1960, para o mínimo de 1,5%, atingido entre 2010-2015, e devem se estabilizar em torno de 2%. Seguem pesados investimentos em energia, principalmente renovável; em tecnologias avançadas; na digitalização; em infraestrutura; educação; saúde pública; transporte; etc.

Seriam necessários investimentos anuais adicionais em torno de 5% do PIB. Ambicioso? Sem dúvida, mas à altura dos desafios a serem enfrentados.

O importante é que há riqueza na região, como indica o superávit em conta corrente (3% do PIB). A poupança não se transforma em investimentos por ineficiência da intermediação financeira. A unificação do sistema financeiro é crucial para o desenvolvimento da União Europeia. É preciso enfrentar o desafio de vencer feudos e grupos que se beneficiam da opacidade das regras do jogo e impedem a integração.

Draghi ressalta, no plano, a importância da consolidação de alianças comerciais preferenciais da União Europeia com países amigos e confiáveis, garantindo fornecimento de matérias-primas, alimentos, energia, etc. Ao aumentar a integração, o acordo da União Europeia com o Mercosul pavimenta o caminho para resolver problemas comuns a todos nós.

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O italiano Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu
O italiano Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu
Foto: European Central Bank/Divulgação / Estadão
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