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Por que Vladimir Putin e Xi Jinping não têm mais relação entre iguais

A visita de Vladimir Putin à China neste mês foi uma demonstração de força — mas, na verdade, ele precisa do apoio de Pequim para a sua guerra na Ucrânia.

22 mai 2024 - 17h55
Vladimir Putin e Xi Jinping
Vladimir Putin e Xi Jinping
Foto: Getty / BBC News Brasil

A mais recente visita de Estado de Vladimir Putin à China, que ocorreu neste mês, foi uma demonstração de força.

Uma oportunidade para o presidente da Rússia provar ao mundo que tem um aliado poderoso ao seu lado.

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Putin é amplamente visto como um pária depois de ter ordenado a invasão da Ucrânia.

Mas para o presidente da China, Xi Jinping, ele é um parceiro fundamental na busca por uma nova ordem mundial que não seja liderada pelos Estados Unidos.

Xi Jinping estendeu o tapete vermelho para dar as boas-vindas ao seu convidado.

Na ocasião, uma banda tocou músicas antigas do Exército Vermelho, e crianças alegres cumprimentaram os dois líderes enquanto eles caminhavam pela Praça da Paz Celestial. Houve até um breve abraço para as câmeras.

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Os veículos de mídia oficiais tanto da China quanto da Rússia se concentraram fortemente na camaradagem entre os dois líderes. Mas, na verdade, esta já não é uma relação entre iguais.

Putin foi à China de chapéu na mão, ávido para que Pequim continue negociando com a Rússia, que é alvo de duras sanções e está isolada. Suas declarações foram repletas de frases lisonjeiras com tom "meloso".

Na ocasião, ele disse que sua família estava aprendendo mandarim — e isso é particularmente digno de nota porque ele raramente fala sobre seus filhos em público.

Também afirmou que ele e Xi Jinping eram "próximos como irmãos", e elogiou a economia da China, dizendo que estava "se desenvolvendo a passos largos, em ritmo acelerado".

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Isso provavelmente vai agradar as autoridades de Pequim preocupadas com uma estagnação na economia.

Mas Xi não retribuiu o tom destes elogios grandiosos. Em vez disso, suas observações foram mais superficiais — até mesmo sem graça.

Putin, disse ele, era um "bom amigo e um bom vizinho".

Para a China, a cerimônia de boas-vindas e a demonstração de unidade eram do seu interesse, mas rasgar elogios ao seu convidado, não.

A custosa guerra na Ucrânia, que não dá sinais de terminar, mudou a relação entre eles, expondo as fraquezas do Exército russo e da sua economia. Xi sabe que agora está mais forte.

A guerra isolou a Rússia. Os laços da China com o Ocidente podem ser tensos, mas Pequim não se isolou do mundo como a Rússia, nem quer se isolar.

Vladimir Putin e Xi Jinping caminhando sobre tapete vermelho
Foto: Getty / BBC News Brasil

Embora possa ter faltado entusiasmo às suas declarações públicas, Xi Jinping deu a entender a importância que a China atribui ao relacionamento.

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Ele convidou Putin para sua residência oficial, Zhongnanhai. Esta honra é concedida a poucos líderes — o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, foi um dos convidados em 2014, quando a relação entre os dois países estava melhor.

Xi Jinping está tentando um equilíbrio delicado — ele quer manter uma aliança com Putin, ao mesmo tempo que sabe que o relacionamento próximo com um pária coloca em risco seus laços estáveis com o Ocidente, dos quais necessita para ajudar sua economia em crise.

A verdade é que a visita mais recentes se resumiu a dinheiro: Putin precisa do apoio da China para sua guerra na Ucrânia.

A composição da comitiva do líder russo foi um sinal do que ele esperava obter com a viagem: ele estava acompanhado do presidente do Banco Central da Rússia, do seu ministro da Fazenda e do seu assessor econômico.

A declaração conjunta divulgada para marcar a visita também continha algumas ideias atraentes para aumentar o comércio — construir um porto em uma ilha que os dois países disputaram durante mais de 100 anos, e conversar com a Coreia do Norte para ver se os navios chineses poderiam navegar por um rio estratégico para chegar ao Mar do Japão.

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O texto mencionava a palavra "cooperação" 130 vezes.

Tudo isso foi, evidentemente, cuidadosamente observado pelos EUA.

No mês passado, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, alertou a China para parar de abastecer a guerra da Rússia e de comercializar componentes que poderiam ser usados em drones e tanques russos.

Por isso, eles não vão ignorar o fato de Putin ter visitado uma universidade apoiada pelo Estado que é famosa por sua pesquisa de ponta na área de defesa, durante a visita à cidade de Harbin em 17 de maio.

O tour — além da cerimônia de boas-vindas e o simbolismo que envolveram a visita — sugere que Xi Jinping está determinado a provar que não vai ser influenciado pela pressão do Ocidente.

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No entanto, nos bastidores desta demonstração de unidade, pode haver limites sobre até onde o presidente chinês está disposto a ir.

Afinal de contas, os interesses da China não são os interesses da Rússia.

Como "sócio majoritário" nesta parceria, Xi Jinping provavelmente vai cooperar quando for conveniente para ele — mesmo que seu "querido amigo" e aliado precise dele.

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