O prejuízo registrado pela Petrobras é o maior entre as petrólíferas de capital aberto da América Latina e Estados Unidos em 2014, segundo um levantamento feito para a BBC Brasil para a consultoria Economatica.
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O levantamento leva em conta apenas as empresas com valor de mercado acima de US$ 20 bilhões - grupo que inclui 16 companhias.
O prejuízo registrado pela Petrobras, de US$ 8,1 bilhões, é o mais alto dos últimos cinco anos na região. Em dólar, a queda nos ganhos da estatal foi de 180%.
Em 2014, o segundo pior resultado contábil desse grupo foi o da americana Apache, que registrou perdas de US$ 5,1 bilhões.
A Anadarko Petroleum, também americana, teve o terceiro maior prejuízo do ano - US$ 1,7 bilhão - e o segun
do maior dos últimos cinco anos - US$ 2,6 bilhões -, registrado em 2011.
No caso da Petrobras, as perdas foram motivadas pela baixa contábil de US$ 16,7 bilhões, incluída no balanço da empresa divulgado nesta quarta-feira. Sem isso, o lucro da estatal poderia ter sido de US$ 10,7 bilhões.
Cerca de US$ 2 bilhões desse total da baixa contábil se referem diretamente a perdas com o esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.
Já os outros US$ 14,7 dizem respeito a uma revisão do valor de alguns ativos tendo em vista problemas de planejamento, atrasos em alguns projetos e a queda dos preços do petróleo (responsável por US$ 3,3 bilhões da baixa contábil).
"Além do problema de corrupção temos claramente um problema de má gestão", diz Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimetnos.
Maiores lucros
A colombiana Ecopetrol, que já disputou com a Petrobras o posto de maior petrolífera da América Latina, teve uma queda de mais de 53,9% em seu lucro de 2013 para 2014, mas ainda assim teve o sexto maior ganho entre petrolíferas de capital aberto na região: US$ 3,1 bilhões.
O maior lucro do ano passado foi da Exxon Mobil, cujos ganhos ficaram em US$ 32,52 bilhões. A segunda empresa com melhor resultado foi a Chevron, que teve ganhos de US$ 19,2 bilhões.
Das 16 petrolíferas analisadas no levantamento da Economatica, sete tiveram crescimento do lucro em 2014 e nove tiveram queda, com três registrando prejuízo.
Einar Rivero, da Economatica, diz que a queda do petróleo parece ter afetado negativamente os resultados das cinco maiores empresas de capital aberto do setor - o que inclui a Petrobras.
Algumas, porém, teriam conseguido navegar melhor em um ambiente menos favorável de preços da commodity, minimizando suas perdas.
O lucro da própria Exxon Mobil por exemplo, manteve-se praticamente estável em relação a 2013 (a queda foi de apenas 0,18%). No caso do lucro da Chevrou, o corte foi de 10%.
Segundo analistas, as financas da petrolífera brasileria também teriam sido negativamente afetadas pelo cambio, já que ela tem as receitas em real e cerca de 80% da dívida em dólar.
"Todas as empresas estão tendo de reavaliar seus planos de investimentos e fazer ajustes diante da queda do petróleo", diz Kim, da XP Investimetnos.
"Em um cenário novo, uma gestão eficiente, capaz de redefinir direcionamentos estratégicos pode fazer a diferença."
A Ecoanalítica não inclui neste levantamento empresas de capital fechado, como a Pemex. No caso da estatal mexicana, como nota Rivero, o prejuízo foi ainda maior que o da Petrobras: US$ 17 bilhões.