O presidente-executivo da Stellantis, Carlos Tavares, deixou a porta aberta nesta quinta-feira para possíveis cortes nos dividendos distribuídos pela montadora e no programa de recompra de ações no próximo ano, além de minimizar problemas com os negócios da companhia nos Estados Unidos, que levaram a um grande alerta de lucro nesta semana.
As ações caíram 4%, atingindo seu patamar mais baixo desde julho de 2022, com investidores temendo que os custos crescentes da revitalização dos negócios da montadora nos EUA ameacem seus generosos pagamentos aos acionistas.
A escala do alerta de segunda-feira também prejudicou a confiança dos investidores na administração.
Em discurso durante visita a uma fábrica no leste da França, Tavares disse que a empresa teve dificuldades operacionais nos EUA, mas que elas seriam corrigidas bem antes do término de seu contrato em 2026.
Ele acrescentou que pretende honrar seu contrato e acredita que a diretoria compartilha dessa opinião, mas que, em um mercado difícil, os erros estavam sendo examinados mais de perto.
"Quando você está em um contexto que é brutal e mais exigente, se você comete um pequeno erro operacional, bem, isso é imediatamente visível", disse, acrescentando que está levando isso muito a sério e como um "alerta".
As ações da proprietária das marcas Chrysler, Jeep, Fiat, Citroën e Peugeot caíram mais de 55% desde março, o pior desempenho entre as ações de montadoras da Europa, o que reduziu a avaliação da empresa em 47 bilhões de euros.
Kevin Thozet, membro do comitê de investimentos da gestora de ativos Carmignac, disse que as montadoras europeias estão "caindo como folhas de outono", com o alerta de lucro da Stellantis significando uma margem operacional zero no segundo semestre deste ano.
"Esse é um verdadeiro golpe para a tese de investimento, pois pode colocar em risco o generoso dividendo e, muito provavelmente, implicará em dizer 'adeus' às recompras", disse Thozet, em uma nota.
Os investidores têm reduzido a exposição às ações de montadoras europeias nos últimos meses devido às preocupações com a difícil transição para os motores elétricos, a concorrência acirrada dos recém-chegados chineses e os consumidores cada vez mais preocupados com os preços.
Embora a Stellantis esteja comprometida com seu dividendo de 2024, Tavares disse que é muito cedo para confirmar o plano do próximo ano.
"O momento para 2025 ainda não chegou, veremos o que acontecerá no final de 2024 para uma discussão e uma decisão para 2025", disse.