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Prévia da inflação abaixo do esperado pode impulsionar cortes dos juros? Veja o que dizem especialistas

Embora IPCA-15 de junho mostre ligeira desaceleração, há quase que consenso que ainda não é possível pensar em uma diminuição da Selic

26 jun 2024 - 13h07
(atualizado às 13h47)
Especialistas do mercado financeiro avaliam que  ainda não é possível pensar em uma diminuição da Selic.
Especialistas do mercado financeiro avaliam que ainda não é possível pensar em uma diminuição da Selic.
Foto: Jonas Pereira/Agência Senado / Estadão

Nesta quarta-feira, 26, foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial do Brasil. O índice subiu 0,39% em junho, apontando para uma desaceleração em relação à alta de 0,44% apurada em maio. O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava uma alta de 0,43%. 

Embora o número veio ligeiramente abaixo do previsto, há quase que um consenso entre os especialistas do mercado financeiro de que o resultado não deve trazer nenhum alívio para a situação da inflação no País, pois no acumulado dos últimos 12 meses subiu para 4,06%, bem acima do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que é 3%.

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"O ruído que vamos encontrar no mercado com esse número é de que a inflação continua controlada dentro dos números esperados, mas de maneira nenhuma é possível pensar em uma diminuição da baixa Selic agora. O IPCA-15 veio abaixo do esperado, mas com um alívio bem pequeno", avalia Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.

Confira mais análise sobre o IPCA-15:

André Colares, CEO da Smart House Investments

O IPCA-15 de junho apresentou uma variação de 0,39%, uma leve desaceleração em relação aos 0,44% de maio. Esse resultado reflete principalmente o aumento nos preços dos alimentos, como batata inglesa, leite longa vida, arroz e tomate, enquanto setores como Transportes e Artigos de residência registraram quedas. Apesar da desaceleração mensal, a inflação acumulada em 12 meses subiu para 4,06%, indicando uma pressão inflacionária persistente. 

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Esse cenário reforça a necessidade de cautela na política monetária, especialmente considerando a recente manutenção da Selic em 10,5%. A trajetória de inflação e os próximos indicadores serão cruciais para as decisões futuras do Banco Central, especialmente diante das expectativas de manutenção dos juros e das metas contínuas de inflação definidas recentemente.

Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos

O IPCA-15 de junho ficou em 0,39%, abaixo da expectativa da Warren Rena de 0,42% e da mediana da Bloomberg de 0,44%. A surpresa de -3 bps em relação ao esperado por nós é justificada por itens voláteis (passagem aérea e gasolina) e que levam o IPCA fechado de junho a um ajuste automático baixista. Por outro lado, bens duráveis como automóvel novo, e itens de higiene pessoal seguiram mostrando aceleração mais firme, refletindo não só o fim do arrefecimento da inflação externa no atacado como também o câmbio.

Sobre os núcleos da inflação, vieram ligeiramente mais altos do que o esperado por nós (0,34% média vs. 0,32% expectativa), por bens duráveis e não duráveis subjacentes. Já os Serviços Subjacentes tiveram leitura um pouco pior (1bp), e os intensivos em Mão de obra aceleraram para 0,46% no mês e 5,7% em 12 meses.

Entendemos que este número reforça nossa visão que serviços subjacentes se encontram na janela temporária boa (em torno de 5% com 5,4%), no entanto, vemos sinais de reaceleração na segunda metade do ano por conta do grupo de intensivos em mão de obra. Os itens deste grupo são mais sensíveis a renda, emprego e mais inerciais. Com isso, esperamos que o grupo de serviços subjacentes encerre o ano perto de 6%, vindo de 4,8% em 2023. 

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Jefferson Laatus, sócio-estrategista do grupo Laatus

Se a gente olhar o IPCA 15 que saiu, veio dentro do que o mercado imaginava. A expectativa já era uma leve desaceleração no mensal, e na verdade o mensal a expectativa veio algo mais estável, um pouquinho abaixo o mensal e o anual também um pouco abaixo 4,06%, lembrando que o anterior era 4,02%. O mensal que era é 0,45%, veio 0,39%. Porém, isso não quer dizer que é uma mudança de perspectiva, até porque a gente não pode esquecer que o dólar continua forte, continua alto, e isso vai continuar pressionando o setor de bebidas e alimentação, que continua mostrando uma variação forte. 

Os setores de transporte e de vestuário deram uma leve desacelerada, mas o fato, isso não motivou positivamente a curva de juros, pois o dólar continua forte, porque lá fora o dólar está forte também. O IBOV continua negativo porque internamente as coisas não estão bem ainda, e externamente também o cenário está um pouco mais negativo. Então, apesar de um certo alívio no IPCA 15, isso não muda a perspectiva do cenário, não muda a movimentação do cenário. Essa mudança de meta de inflação, a inflação contínua, é positiva, mas a sinalização de como ela foi feita, principalmente chamando o Galípulo e não chamando o Campos Neto, também deixa o mercado um pouco incomodado.

Fonte: Redação Terra
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