O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 2,0% em maio na comparação com o mês anterior, segundo dados dessazonalizados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira, 17.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 2,15%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,43%, de acordo com números observados.
"Os detalhes do IBC-Br não são fornecidos pelo Banco Central, mas estimamos que parte do desempenho negativo da atividade em maio deriva do fim da contribuição da produção recorde de grãos na safra de verão de 2022-23", avaliou o economista do Santander Gabriel Couto, que calcula crescimento do PIB de 1,9% este ano.
Depois do impulso dado pelo setor agrícola no início do ano, a economia brasileira enfrenta uma política monetária restritiva, com a taxa básica de juros Selic em 13,75%. Mas de outro lado há uma desinflação no país, além de um mercado de trabalho resiliente, o que pode conter a desaceleração da atividade esperada por economistas.
O BC volta a se reunir no início de agosto, e já indicou que pode cortar os juros, desde que se mantenha cenário de arrefecimento da inflação.
Andres Abadia, economista-chefe de América Latina na Pantheon Macroeconomics, avaliou em nota que o desempenho da atividade no Brasil destaca a necessidade de cortes de juros.
"Vários setores econômicos estão sob pressão diante das condições financeiras mais apertadas, mas a inflação baixa, um mercado de trabalho resiliente e condições externas ainda de suporte para as exportações do Brasil sugerem que o crescimento do Brasil não ficará paralisado", disse ele.
Em maio, o volume do setor de serviços cresceu bem mais do que o esperado, 0,9%. Já a produção industrial brasileira voltou a subir, com um crescimento de 0,3% em relação a abril, mas ainda segue abaixo do patamar pré-pandemia.
Por sua vez, as vendas no varejo brasileiro caíram inesperadamente em maio, com uma queda de 1,0% em relação ao mês anterior, sob efeito da política monetária apertada do Banco Central no crédito.
"Olhando à frente, no nosso entendimento a dinâmica do PIB de 2023 se dará em dois atos: crescendo mais 0,3% no segundo trimestre, mas perdendo o fôlego e desacelerando gradualmente no segundo semestre, fechando o ano com crescimento de 1,9%", disse o PicPay em nota assinada pelo economista-chefe Marco Caruso e pelo economista Igor Cadilhac.
A pesquisa Focus realizada pelo BC, divulgada nesta segunda-feira, mostra que o mercado melhorou suas estimativas para o crescimento econômico este ano e no próximo, vendo expansão do PIB de respectivamente 2,25% e 1,30%.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.