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Prisão de Delcídio pode piorar recessão em 2016, dizem economistas

25 nov 2015 - 19h26
(atualizado às 19h29)
Foto: José Cruz / Agência Brasil

A turbulência provocada pela prisão do líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral, deve ser mais duradoura do que apenas um aumento de aversão ao risco nos mercados financeiros nesta quarta-feira (25). Segundo economistas consultados pelo O Financista, a ausência de Amaral tende a prejudicar as conversas do governo com os parlamentares no intuito de aprovar medidas em prol do ajuste fiscal e, com isso, deteriorar ainda mais os fundamentos econômicos brasileiros.

“A prisão provoca um adiamento maior da discussão dos trâmites fiscais para 2016. O cenário é muito negativo e pode provocar um maior prolongamento da recessão”, afirma Eduardo Velho, economista-chefe do INVX Capital.

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A aproximação do recesso de fim de ano também não colabora. “Uma negociação que já estava meio travada tende a emperrar ainda mais. Toda a agenda fica paralisada e o Congresso já entra no ritmo de fim de ano. Se já estava difícil avançar em qualquer negociação com o Delcídio, tende a piorar e só o fato de atrasar qualquer votação já é prejuízo”, diz Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Associados.

O senador contava com importante trânsito no Congresso e, após sua prisão, votações podem ser postergadas e o governo perde o pouco avanço que conquistou nas últimas semanas. Sessão do Congresso prevista para hoje foi adiada pela segunda vez.

Os parlamentares se reuniriam para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 e o projeto de lei que altera a meta fiscal deste ano e autoriza o fechamento das contas de 2015 com déficit primário de até R$ 119,9 bilhões.

“O impacto [econômico] é fulminante. O resultado deve ser o adiamento da votação da CPMF e aumenta a probabilidade de ela não ser votada. Por ser uma liderança muito clara e com uma boa articulação, a prisão dele dá uma certa incerteza de quando vai terminar a Lava Jato e isso pode colocar o país em uma crise mais profunda em 2016 do que o mercado está projetando”, acrescenta Velho.

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De acordo com o economista do INVX Capital, a expectativa de queda de 2,01% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, segundo o Boletim Focus, pode virar um “piso” para o desempenho da atividade econômica no próximo ano.

Eduardo Velho pontua que a prisão de Delcídio pode ainda ser o início de novas vias de investigação da Lava Jato, alcançando parlamentares em exercício do poder e provocando ainda mais embates políticos no Congresso.

Segundo ele, o ambiente político pressionado deve diminuir ainda mais a confiança de empresários e afastar os investimentos do país no próximo ano. A prisão do presidente e fundador do BTG Pactual, André Esteves, também entra na conta de prejuízo na atividade econômica em 2016 via investimentos. O banco é acionista de importantes empresas como Sete Brasil e Brazil Pharma.

A volatilidade nos mercados financeiros também deve se prolongar e prejudicar a inflação. A moeda norte-americana alcançou a máxima de R$ 3,8057 no pregão desta quarta-feira. “Com o dólar mais alto, há um descolamento das expectativas de inflação e o Banco Central fica com a missão de administrar isso tudo [PIB negativo e inflação alta] e sem poder aumentar taxa de juros”, pontua Velho sobre as pedras no caminho econômico que surgem com a prisão de Delcídio.

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