Pesquisa realizada pela Opinion Box em 2022 mostra que 67% dos consumidores brasileiros possuem o hábito de procurar sobre as práticas ESG de uma empresa antes de adquirir seu produto. O Relatório ESG e Sustentabilidade ainda traz outros insights do que pensa o cliente no Brasil no que tange a responsabilidade ambiental de companhias em todo o país, o que reflete diretamente na reputação da marca e até no número de vendas.
Ao passo que 75% dos consumidores afirmam que empresas com práticas sustentáveis têm mais chances de encantá-los, 57% já deixaram de comprar produtos quando descobriram que determinada marca prejudica o meio ambiente de alguma forma.
E agora com a “moda” do greenwashing, que engana o cliente no que diz respeito a práticas ESG de uma empresa, essa linha pode ficar ainda mais tênue.
Separando o joio do trigo
No entanto, desenvolver ações e produtos verdadeiramente “verdes” impactam não apenas o meio ambiente, ajudando a criar um mundo mais saudável para as futuras gerações, mas é mais que necessário considerando os desejos do próprio consumidor.
O Mercado Livre divulgou, também no ano passado, estudo sobre o consumo online de produtos sustentáveis. A pesquisa apontou que dobrou este tipo de compra, de produtos com impacto positivo, na América Latina, o que deixa claro o ensejo do cliente.
Como todo bom empreendedor e gestor sabe, é importante trabalhar e desenvolver produtos que vão diretamente ao encontro da necessidade do cliente. Muitas vezes esse consumidor ainda não sabe que possui essa vontade, mas no caso dos produtos e serviços sustentáveis, o cliente tem mostrado por A+B sua relevância, pois entende que seus filhos e netos colherão bons frutos por isso.
Uma trilha difícil
O caminho é árduo e difícil, ainda mais quando estamos falando de grandes empresas ou companhias globais, que muitas vezes possuem o histórico de terem poluído a natureza durante muitos anos. Mas a mudança é possível. É essencial começar esse trabalho, por mais complicado que ele seja de início.
Em minha jornada na Acer, vivenciei vários pontos dessa caminhada e hoje contamos com diretrizes globais ESG muito fortes, não apenas com ações e projetos como Humanity e Earthion, mas com a criação e produção de equipamentos ecológicos. Nossa linha de produtos Vero, por exemplo, que conta com notebooks e monitores feitos com plástico reciclado pós-consumo, é um dos nossos orgulhos e que atende milhões de consumidores que querem adotar iniciativas mais responsáveis frente ao planeta. Por isso, por experiência, digo que a mudança é possível sim!
Se posso dar algumas dicas para a implementação das práticas Ambientais, Sociais e de Governança, destaco, primeiro, que o gestor busque entender a fundo o que é o ESG e suas vantagens. Além disso, um diagnóstico de onde a empresa se encontra atualmente no que engloba sustentabilidade pode ser um bom começo.
Após essa análise, definir ou rever o propósito da marca nesse sentido pode ser um norte na etapa de criação de estratégias visando diminuir impactos ambientais. O próximo passo é a implementação desse planejamento e o trabalho junto aos colaboradores. O estudo dos resultados obtidos é fundamental para reparar erros e visualizar melhorias.
Um programa de transparência e a criação de um conselho ESG também podem facilitar todo o processo. Assim como explorar o crédito de carbono, que funciona como uma espécie de incentivo econômico para empresas que reduzem sua emissão de carbono. Os créditos podem ser vendidos para outras empresas que ultrapassaram essa quantidade.
E o mais importante no final é entender que o objetivo é ajudar o meio ambiente e incentivar todo um ecossistema a se juntarem na construção de um amanhã mais bonito. É o que aquele velho ditado diz: a união faz a força.
(*) Germano Couy é general manager Latin America da Acer.