O comprometimento da renda do brasileiro diante do elevado endividamento e alta dos preços mudou a forma como os trabalhadores passaram a encarar os programas de incentivos promovidos pelas empresas.
O que antes reinava na percepção das pessoas como somente um “presente”, agora começa a ser percebido como um incremento da renda mensal e tem sido utilizado para reduzir os impactos da inflação, seja através de resgates em dinheiro, pagamento de boletos ou como forma de abastecer o carro.
Segundo dados do IBGE, no trimestre encerrado em julho deste ano, a renda média real do trabalhador (descontada a inflação) recuou 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A queda está relacionada à forte alta dos preços. O IPCA acumula no ano, até agosto, uma alta de 8,73%, apesar da deflação registrada nos últimos dois meses que amenizou o impacto.
Brasileiros nunca se endividaram tanto
Com menor poder aquisitivo, os brasileiros nunca se endividaram tanto no cheque especial como agora. De acordo com o Banco Central, em agosto foram concedidos R$ 38,5 bilhões de empréstimos nessa modalidade, o maior volume desde março de 2011, quando o levantamento foi iniciado.
Diante deste cenário, há uma mudança de comportamento dos funcionários quando falamos de programas de incentivo. E isso deve ser levado em conta pelas companhias. Entender a ansiedade dos colaboradores na hora de definir uma nova campanha voltada para o aumento de resultados é essencial para o sucesso em termos de engajamento.
Ora, hoje os trabalhadores já pensam no alcance das metas como um complemento de renda. Desta forma, não adianta oferecer apenas benefícios como vale presente em lojas de departamentos, é preciso ir além e trazer ganhos que façam os colaboradores sentirem que são valorizados e que atingir a meta fará a diferença no orçamento no final do mês.
As empresas que querem manter suas equipes engajadas precisam de plataformas que atendam às necessidades reais dos colaboradores.
Pesquisa mostra um retrato desse cenário
Retrato deste cenário foi percebido numa pesquisa recente que realizamos. De agosto de 2021 a agosto deste ano, os resgates totais de vale-combustível cresceram 70,13%. O levantamento abrangeu uma amostra de 1.836 participantes que atuam em grandes empresas e utilizam o app de incentivos, no qual recebem pontos para trocar por diversos produtos e serviços em um marketplace.
O forte crescimento está relacionado diretamente às altas que a gasolina atingiu nesse intervalo, o que levou a muitos utilizarem o benefício como uma forma de amenizar o impacto em seu orçamento. Na última semana de julho deste ano, o preço médio do litro do combustível chegou a R$ 5,74, sendo o menor valor registrado, até então, desde julho do ano passado. De qualquer forma, em quase todo o período analisado pela plataforma a gasolina só aumentou de preço.
Outro dado que chamou a atenção é que a "corrida" pelo vale-combustível consta no Top 5 de produtos possíveis de serem resgatados no sistema da Incentivar. Em agosto de 2021, os itens 'Crédito de combustível de R$ 200', 'Crédito de combustível de R$ 100' e 'Crédito de combustível de R$ 50' ocupavam respectivamente as três primeiras posições do ranking.
Logo atrás vinham 'Vale presente de R$ 500' e 'Vale-presente de R$ 150', que podem ser usados em compras online em uma grande rede varejista. Já este ano, as cinco primeiras posições são ocupadas por vale-combustível, variando apenas os valores dos créditos: R$ 200, R$ 100, R$ 50, R$ 15 e R$ 20, respectivamente.
Outro exemplo claro foi observado no primeiro semestre deste ano, em que as recompensas em dinheiro, através do Pix, corresponderam a 15% dos resgates feitos na plataforma. O pagamento de boletos é outra realidade que começa a ser implantada diante da crescente demanda por este tipo de incentivo.
Fica cada vez mais claro que as empresas que querem manter suas equipes engajadas precisam de plataformas que atendam às necessidades reais dos colaboradores. A política de incentivos ganhou outro patamar de importância no dia a dia dos trabalhadores.
Estar consciente disso é o primeiro passo para uma estratégia vencedora de incentivo. Consequentemente, o faturamento da empresa também agradece.
(*) Rodolfo Carvalho é CEO da Incentivar, plataforma especializada em incentivo inteligente.