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Putin: expansão do Brics não está na pauta de discussão

Presidente russo admitiu apenas o estabelecimento de parcerias estratégicas com outras economias

14 jul 2014 - 19h49
<p>Presidente da Rússia, Vladimir Putin</p>
Presidente da Rússia, Vladimir Putin
Foto: Eraldo Peres / AP

A expansão do bloco formado por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul (Brics) não deve ser examinada em termos práticos na 6ª reunião de cúpula que ocorre amanhã em Fortaleza.

A informação é do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em entrevista à agência de notícias russa Itar-Tass. Questionado se a Argentina poderia se tornar o sexto país do Brics, Putin disse que o assunto não está em pauta, mas é possível estabelecer uma parceria estratégica do grupo com o país, em aspectos políticos, econômicos e financeiros internacionais.

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“A Rússia saúda a aspiração das autoridades argentinas a aproximar-se do Brics. No entanto, a questão da expansão do Brics não está sendo examinada em termos práticos. Primeiro é preciso ajustar os trabalhos de vários formatos de cooperação já existentes no âmbito da união”, disse ele. Para Putin, no futuro provavelmente surgirá a questão da ampliação gradual do Brics.

A possível entrada da Argentina no Brics foi comentada hoje pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, durante reunião de empresários que antecede o encontro de cúpula dos Brics. Para ele, a Argentina não se encaixa no conceito da formação do bloco.

“Além de crescimento e desenvolvimento, o conceito envolve também segurança jurídica, o caminho para uma democracia plena, coisas que ao meu ver estão fora da entrada da Argentina neste momento”, disse.

Para Vladimir Putin, é preciso aproveitar ao máximo o fator das economias nacionais complementares. Segundo ele, as oportunidades de cooperação do bloco são “enormes”, pois, além do mercado com cerca de três bilhões de consumidores, os países do Brics têm recursos naturais e matérias-primas únicas, potencial tecnológico, financeiro e industrial significativo.

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Putin destacou que a iniciativa de criar um Banco de Desenvolvimento do Brics tem por objetivo ampliar a cooperação entre os países. “Esperamos que no futuro próximo sejam acordados todos os assuntos pendentes e nós possamos usar o potencial do banco para realizar grandes projetos em nossos países”. Sobre a formação de um fundo de reservas do bloco, Putin destacou que objetivo é que ele vire uma espécie de rede de segurança para responder aos desafios financeiros.

“Tanto o banco de desenvolvimento quanto as reservas cambiais são os passos práticos dos nossos países dirigidos para fortalecer a arquitetura financeira internacional e atribuir a ela um caráter mais equilibrado e justo”. O presidente também lembrou a formação, no ano passado, do conselho empresarial do Brics, por empresários dos cinco países, com o objetivo de identificar e remover barreiras que impedem a interação de negócios no âmbito dos cinco países.

Putin defende uma reforma do sistema monetário e financeiro internacional que, para ele, atualmente é injusto em relação a Brics e às economias novas. “Temos que participar de forma mais ativa no sistema de decisões do FMI [Fundo Monetário Internacional] e do Banco Mundial. O próprio sistema monetário internacional depende muito da posição do dólar, ou melhor dizer da política monetária e financeira das autoridades americanas. Os países do Brics querem mudar essa situação”.

Mais um interesse comum dos cinco países, a longo prazo, é o reforço da primazia do direito internacional e do papel central da Organização das Nações Unidas (ONU) no sistema internacional. “Para ser sincero, sem posição intransigente da Rússia e da China no conselho de segurança da ONU sobre a Síria, a situação nesse país há um bom tempo estaria se desenvolvendo conforme o cenário da Líbia e do Iraque”, enfatizou Putin.

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Durante a reunião de cúpula, os chefes de Estado dos cinco países vão deliberar sobre a criação do novo Banco de Desenvolvimento do bloco, que financiará projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável. Também deve ser criado o Arranjo Contingente de Reservas – linha de defesa adicional para os países do bloco em cenários de dificuldade de balanço de pagamento. Em Brasília, na próxima quarta-feira, ocorrerá reunião de trabalho entre os mandatários dos países do Brics e chefes de estado e de governo da América do Sul.

Agência Brasil
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