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Queda no uso do Pix é a maior desde 2020: fake news e dúvidas sobre taxação influenciam usuários

Levantamento revela a maior queda em transações via Pix desde a implementação do sistema

15 jan 2025 - 09h20
(atualizado às 10h04)
Receita amplia fiscalização, mas esclarece que não vai taxar Pix
Receita amplia fiscalização, mas esclarece que não vai taxar Pix
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil / Estadão

A quantidade de transações realizadas via Pix teve uma queda histórica nos primeiros dias de janeiro de 2025, a maior já observada desde a implementação do sistema de pagamentos instantâneos pelo Banco Central (BC) em novembro de 2020. Essa retração, revelada por dados do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), divulgados pelo jornal O Globo, ocorre em meio à disseminação de notícias falsas e questionamentos sobre possíveis mudanças na tributação.

Segundo o levantamento feito pelo jornal, entre os dias 4 e 10 de janeiro, foram realizadas 1,250 bilhão de transações por Pix, um recuo de 10,9% em relação ao mesmo período de dezembro. Essa é a maior queda já registrada no intervalo mensal desde janeiro de 2022, quando a queda foi de 7,5%. Essa desaceleração é significativa porque abrange dias em que o volume de transferências costuma ser mais elevado, devido ao pagamento de salários.

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A retração ocorre após a ampla repercussão de uma nova norma da Receita Federal que ampliou o número de instituições obrigadas a informar movimentações financeiras de seus clientes. Apesar de a Receita afirmar que a medida visa combater esquemas de sonegação, notícias falsas geraram temor na população, como a possibilidade de taxação direta do Pix ou quebra de sigilo bancário.

O BC, por sua vez, demonstrou preocupação com o impacto dessas informações incorretas na percepção pública sobre o sistema, considerado uma das maiores inovações financeiras do Brasil. No entanto, o BC não comentou oficialmente sobre a queda nas transações.

Alterações nas normas da Receita

A nova regra, válida desde 1º de janeiro, exige que instituições de pagamento, além de bancos, enviem informações sobre clientes cujas movimentações mensais ultrapassem R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas. Antes, esses limites eram menores: R$ 2 mil e R$ 6 mil, respectivamente.

Apesar das mudanças, a Receita enfatiza que os dados enviados são agregados, sem detalhamento de operações específicas como Pix ou TED. O objetivo, segundo técnicos do órgão, é focar em grandes esquemas de sonegação e lavagem de dinheiro, não em pequenas movimentações de autônomos ou informais.

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Embora uma redução nas transações seja comum entre dezembro e janeiro, devido ao fim do 13º salário e às compras de Natal, a queda registrada em 2025 foi mais acentuada. Além disso, o volume de operações entre os dias 4 e 10 de janeiro foi inferior ao mesmo período de novembro, outubro e setembro de 2024, comportamento raro para um sistema que apresenta crescimento contínuo desde sua criação.

Impactos da desinformação

O Pix se consolidou como o principal meio de pagamento no Brasil, superando cartões de débito e dinheiro em espécie, de acordo com dados do BC divulgados em 2024. Em média, o sistema movimenta cerca de R$ 2,5 trilhões por mês, com mais de 6 bilhões de transações realizadas. No entanto, as recentes desinformações e o temor sobre fiscalização podem comprometer a confiança dos usuários no sistema, impactando a adoção e o uso no futuro.

De acordo com especialistas, não houve mudanças substanciais na atuação da Receita. Isso porque, havendo renda, ela será tributada. E havendo sonegação, será penalizada, independentemente do meio de recebimento, seja Pix ou qualquer outro.

Fonte: Redação Terra
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