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Quem são os 41 milhões de pobres do país mais rico do mundo

Milhões de empregos foram gerados nos últimos anos nos Estados Unidos, mas várias pessoas ainda vivem na pobreza, explica especialista do Instituto Brookings.

17 dez 2017 - 08h38
(atualizado às 12h24)
Taxa de desemprego nos EUA é a menor desde 2000, mas várias famílias não viram seus recursos aumentarem
Taxa de desemprego nos EUA é a menor desde 2000, mas várias famílias não viram seus recursos aumentarem
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A despeito da criação de milhões de postos de trabalho nos Estados Unidos, muitos cidadãos do país ainda vivem na pobreza.

Por quase seis anos, a economia norte-americana tem gerado uma quantidade grande de empregos - são quase 2 milhões por ano.

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A recuperação econômica não só restabeleceu o número total de postos de trabalho perdidos durante a recessão causada pela crise financeira internacional de 2007, como também criou empregos suficientes para dar conta do crescimento populacional.

A taxa de desemprego nos EUA é de apenas 4,1%, a menor desde 2000. Mas várias famílias não viram seus recursos aumentarem.

Em 2016, quase 41 milhões de pessoas, ou 13% da população, viviam na pobreza - em comparação com os 15% verificados no auge da recessão, em 2010.

Nos Estados Unidos, a renda média de uma família de quatro pessoas é de US$ 91 mil (R$ 299,5 mil) por ano.

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De acordo com a medição oficial dos EUA, baseada em renda e necessidades nutricionais, uma casa com quatro pessoas é considerada em estado de pobreza quando a renda familiar é inferior a US$ 24,3 mil (cerca de R$ 80 mil) por ano.

Pode parecer muito se comparado com países classificados como de baixa renda pelo Banco Mundial - com PIB per capita entre US$ 1 mil (R$ 3,2 mil) e US$ 4 mil (R$ 13 mil). No Brasil, por exemplo, medição de 2015 do banco estimou que 4,9% da população brasileira estava abaixo da linha de pobreza por viver com até US$ 1,90 por dia.

Mas o custo de vida mais alto nos Estados Unidos e o crescente abismo entre os pobres e a classe média podem resultar em dificuldades para famílias americanas de baixa renda.

Em 2016, quase 41 milhões de pessoas, ou 13% da população, viviam na pobreza nos EUA
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Entre os que vivem na pobreza, dados de 2016 mostram que há cerca de 13,3 milhões de crianças - 18% têm menos de 18 anos.

À medida que a população envelheceu, o número de pessoas pobres com mais de 65 anos aumentou para 4,6 milhões - 9% do total.

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Mas é o grupo de pessoas com idade para trabalhar (de 18 a 64 anos) que apresenta os dados mais dramáticos: quase 23 milhões deles, ou 12% do total, vivem na pobreza.

O Projeto Hamilton, do Instituto Brookings, tem analisado essa questão.

No grupo de pessoas com idade para trabalhar:

- 4 a cada 10 estavam empregados

- 1 a cada 10 tinha trabalho em período integral, durante o ano todo, mas não ganhava o suficiente

- 1 a cada 4 estava empregado, mas não tinha contrato para o ano inteiro

- 1 a cada 25 estava à procura de trabalho

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- Dos que não tinham trabalho em período integral, 1 em 3 estava nessa circunstância involuntariamente

Mulheres e negros têm mais chance de ficar fora do mercado de trabalho
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O fato de quatro entre 10 adultos pobres estarem empregados revela que apenas suprir a lacuna de postos de trabalho - retornando às taxas pré-recessão - não significa que todos estejam vivendo bem e prosperando.

Também não quer dizer que todos estejam encontrando emprego. Cerca de metade dos adultos pobres em idade para trabalhar não está inserida no mercado de trabalho.

Dos postos criados, muitos são no setor de hotelaria, administração, saúde e tecnologia da informação, embora algumas áreas muito afetadas pela recessão - como construção civil e manufatura - ainda não tenham se recuperado completamente da crise.

Uma fotografia da mão de obra dos EUA revela uma série de diferenças na sociedade:.

- A taxa de emprego para mulheres retornou aos níveis pré-recessão (55%)

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- Americanos negros foram mais afetados pela recessão, se recuperaram mais rapidamente, mas ainda têm mais chances de ficarem desempregados que os brancos

- Mulheres que completaram até o ensino médio ou com escolaridade menor têm mais chances de ficar fora da força produtiva

- Homens foram mais afetados pela recessão e seu retorno ao trabalho tem sido mais lento

Gráfico mostra distribuição da pobreza por municípios
Foto: BBC News Brasil

O número de homens entre 25 e 54 anos que estão empregados vem caindo há mais de 50 anos - e o de mulheres, desde 2000.

Em parte, isso pode ser uma consequência da queda dos salários entre os que ganham menos, com uma renda individual média de US$ 31.100 (R$ 102.369) por ano.

É possível que muitos daqueles que não fazem parte da força produtiva tenham dificuldade de encontrar emprego sem uma significativa intervenção governamental.

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Mais de um quinto dos que têm idade para trabalhar e estão vivendo na pobreza são classificados como deficientes e 15% são "cuidadores"- responsáveis por cuidar de outra pessoa, como crianças e idosos.

Para incluir essas pessoas no mercado de trabalho, seria preciso melhorar a oferta de creches e financiamentos, enquanto adultos com deficiência precisam de mais apoio e tratamento.

O retrato que construímos de trabalho e pobreza nos Estados Unidos revela que os mais pobres são um grupo diverso, com variados tipos de experiências.

Ainda assim, a distribuição desigual da pobreza é chocante:

-Há duas vezes mais famílias afro-americanas (22%) na pobreza do que famílias brancas

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-19% dos hispânicos vivem na pobreza

-Mulheres (14%) têm mais chances de serem pobres que os homens (11%)

-Taxas de pobreza variam de 11% a 14% entre as regiões

-Muitos municípios - principalmente do Sudeste e Sudoeste - têm taxas de pobreza superiores a 25%

Nos últimos anos, o aumento do emprego e das rendas, juntamente com a queda na pobreza, tem sido encorajador.

Mas a economia ainda vai precisar manter esse crescimento para ajudar aqueles que vivem em dificuldade.

*Esta análise foi encomendada pela BBC a especialistas do Instituto Brookings, que se define como uma organização sem fins lucrativos de política pública. O professor Jay Shambaugh é diretor do Projeto Hamilton e pesquisador de Estudos Econômicos do Brookings.

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