MARIANA (MG) - "Tudo o que a gente quer é que a Vale volte a operar", diz Ronilton de Castro Condessa, 56 anos, diretor do Sindicato Metabase, de Mariana, e trabalhador da Vale. "Mas, diante de toda essa bagunça, quem vai se arriscar a assinar um relatório de estabilidade de barragem? Ninguém vai fazer isso."
Como a tragédia de Brumadinho expôs a deficiência na fiscalização das barragens - levando a Agência Nacional de Mineração (ANM) a apertar as regras para a liberação das estruturas - e também levou à prisão engenheiros que atestaram a segurança da mina Córrego do Feijão, o setor se viu com uma "batata quente" nas mãos. De órgãos governamentais a consultorias privadas, a noção é de que ficará bem mais difícil convencer um profissional a garantir que uma barragem tem risco zero de romper.
Por essa razão, a Vale evita fazer previsões de quando retomará a produção nas localidades paralisadas. Outro trabalhador da Vale, Josimar César Alcântara, de 51 anos, diz que, no caso da mina Alegria, a estrutura que impede os trabalhos não é uma barragem a montante - semelhante à de Brumadinho -, mas uma pilha de minério de ferro seco. Até agora, no entanto, ninguém se habilitou a atestar a estabilidade dessa estrutura.
Nas minas paralisadas, a Vale diz que os trabalhadores se dedicam a atividades de manutenção. Logo após a tragédia de Brumadinho, a mineradora liberou funcionários para instalar sinalizações em áreas próximas a barragens, mas diz que esse trabalho já foi concluído.