A Selic – taxa básica de juros da economia brasileira – anunciada na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), foi de 11,25%, uma redução de 0,5% em relação à anterior. Semanalmente, o BC divulga ainda o relatório Focus, que traz alguns indicadores com projeções. Para 2024, a taxa Selic é de 9% e a projeção da inflação é de 3,5% a 4% ao ano.
O que isso tudo quer dizer? Para o mercado de financiamento, muita coisa. Esses indicadores financeiros impactam as taxas que os grandes bancos utilizam para, por exemplo, financiar imóvel ou veículos, possibilitando maior oferta de crédito no mercado. Nesse sentido, o setor automotivo projeta um ano de crescimento em 2024, motivado pela melhora do emprego, redução da taxa de juros e aumento da oferta de crédito.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima um aumento de 6,1% nos emplacamentos em 2024 contra 2023, para 2,450 milhões de unidades. A produção deve crescer 6,2% neste ano, para 2,470 milhões, com as exportações na casa das 407 mil unidades, alta de 0,7% na mesma base de comparação.
Já a última projeção da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) é de um crescimento de 12% em 2024. Esse aumento significaria, aproximadamente, 2,6 milhões de unidades emplacadas apenas no mercado interno. Para automóveis e comerciais leves, a previsão é de 2,44 milhões de emplacamentos.
Em janeiro, os emplacamentos de veículos já tiveram o melhor resultado para o mês desde 2015. Foram emplacadas 322.505 unidades, considerando todos os segmentos automotivos, maior volume dos últimos 9 anos. O mês, que sofre influência da sazonalidade de início de ano, vinha registrando volumes médios de pouco mais de 266 mil unidades, no período entre 2016 e 2023.
"O custo e acesso ao crédito melhoraram a partir do último trimestre de 2023. Isso, aliado à expectativa de redução dos juros oficiais ao longo de 2024, tem melhorado a disponibilidade e diminuído a restrição do crédito por parte dos agentes financeiros", analisa o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior.
0 km mais barato em 2024?
Valeria Vanessa Eduardo, professora do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera, afirmou em entrevista ao Terra que a redução das taxas de financiamento de automóveis não será imediata e que deve levar tempo para se refletir nas condições oferecidas aos consumidores.
“Taxas de juros mais baixas geralmente significam custos de empréstimo mais baixos, o que pode tornar o financiamento de um automóvel mais acessível, contudo, é importante compreender que o repasse da queda da Selic tem um período de defasagem, que leva de três a seis meses para ser sentido pela população”.
A especialista alertou ainda que, além das taxas de juros ao decidir sobre um financiamento de automóvel, deve-se considerar outros fatores como a duração do empréstimo, o valor da entrada do veículo, e a situação financeira pessoal.
É necessário lembrar que, no Brasil, as taxas de juros em financiamentos, frequentemente, envolvem a Taxa Referencial (TR) e outras variáveis.
Cuidado na hora de financiar
Para identificar uma taxa de juros abusivas:
- Pesquise as taxas de juros praticadas pelo mercado;
- Compare ofertas de diferentes instituições;
- Procure entender qual foi a composição do valor das prestações;
- Verifique se a instituição financeira possui reclamações nos órgãos reguladores e no Procon;
- Busque aconselhamento financeiro antes de tomar uma decisão sobre o financiamento de um veículo.
Para avaliar e financiar um veículo considere também:
- Tipo de carro: novo, seminovo ou usado;
- Entrada: quanto maior a entrada, menores serão as parcelas e os juros;
- Prazo: quanto mais parcelas, mais juros;
- Verifique sua capacidade de pagamento: atrasos nas prestações trazem multas e juros adicionais; lembre-se que há outros gastos envolvidos como combustível, seguro e impostos;
- Faça várias simulações de financiamento antes de decidir;
- Exija uma cópia do contrato.