Janeiro começou. Como todo início de ano, é hora de traçar as metas de investimento. À medida que os ventos da economia apontam para um aumento na taxa de juros em 2025, os investidores se veem diante de novos desafios e oportunidades. Com tantos ativos disponíveis no mercado, bate aquela dúvida: afinal, quais as melhores opções para investir este ano? O Terra consultou especialistas que indicaram o que comprar no mercado.
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Com a perspectiva de uma Selic em 15% neste ano, a renda fixa fica novamente muito atrativa pela previsibilidade de altos retornos com baixo risco. Por outro lado, a renda variável, principalmente falando de ações, tende a ter um cenário de mais volatilidade neste ano. No entanto, isso não significa que investir em ações seja ruim, na avaliação dos especialistas. Eles são unânimes em dizer que a renda variável pode ser interessante para investidores com um horizonte de longo prazo.
“A escolha entre renda fixa e variável depende do perfil do investidor e de suas necessidades financeiras. Com o cenário atual de juros elevados, a renda fixa tende a ser uma opção mais atraente no curto e médio prazo. No entanto, uma renda variável ainda pode ser interessante para investidores com um horizonte de longo prazo, já que muitos ativos estão a preços mais baixos”, explica Pedro Persichetti, especialista do mercado financeiro e CSO da Sail Capital.
Títulos atrelados à inflação também chegam a patamares não vistos há muito tempo e podem ser uma ótima alternativa para proteger carteiras caso tenhamos um pico inflacionário nos próximos anos. “A [melhor] estratégia é algo a ser definido por cada carteira, por cada investidor, e é essencial entender os riscos a serem tomados de acordo com seus objetivos”, orienta Rafael Flores, especialista em Investimentos da Fami Capital.
Julio Ortiz, CEO e co-fundador da CX3 Investimentos, reforça que o momento é de renda fixa. “Inflação estimada de 5% para 2025 e juro médio perto de 15%, equivale a juro real de quase 10%. Isto é inédito”, destaca. O especialista alerta, no entanto, que ao mesmo tempo em que nossa taxa de juros oferece uma oportunidade única, o aumento do juro encarece o custo de capital para os devedores. “Então prefira investir em instituições sólidas com baixo risco de crédito”.
Henrique Barros, cofundador da Invés, assessoria financeira de modelo fiduciário, explica que mais do que previsões econômicas, a escolha entre renda fixa e variável deve estar alinhada aos objetivos e ao horizonte de tempo do investidor. O especialista argumenta que, seja renda fixa ou variável, os investimentos devem ser feitos evitando "fórmulas mágicas".
“Para curto prazo (até 2 anos), recomenda-se renda fixa de baixo risco e alta liquidez, como Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária ou fundos de renda fixa conservadores. Para médio prazo (2 a 5 anos), opções como CDBs de prazo fixo, LCIs/LCAs (isentos de IR) ou fundos multimercados moderados são indicadas. Já para longo prazo (mais de 5 anos), são sugeridos ativos de renda variável, como ações, fundos imobiliários (FIIs) e Tesouro IPCA+”, recomenda Barros.
Dólar, ouro e criptomoedas
A diversificação geográfica e de ativos continua sendo uma estratégia importante, especialmente em tempos de incertezas econômicas. O dólar, o ouro e o Bitcoin são considerados ativos de proteção, cada um com suas características. Mas será que é um bom momento para investir nesses ativos? Para Thiago Lori, economista da Manchester Investimentos, sim, principalmente dólar e criptomoedas.
“Na construção de uma carteira de investimentos, pensando em preservação de capital e diversificação, os aportes recorrentes em dólar têm a sua importância independente do patamar da moeda. E na classe de criptomoedas, que foi uma das mais performáticas em 2024, puxada principalmente pelo Bitcoin, a crescente adesão institucional e governamental pode posicionar as criptos para mais um rali de alta em 2025”.
Como o dólar foi uma surpresa negativa para os brasileiros, representando uma alta de aproximadamente 26% frente ao real em 2024, os especialistas orientam a ter cautela. O ideal é ir dolarizando aos poucos, retirando o risco de câmbio de um único momento. “No patamar em que estamos, podemos considerar que o dólar está “alto”, mas considerando o contexto, sugiro envios recorrentes fazendo então preço médio do câmbio”, diz Daiane Gubert, head de assessoria de investimentos da Melver.
Em relação ao ouro, que teve uma valorização de 27% neste último ano, o ativo é tradicionalmente visto como uma reserva de valor em períodos de instabilidade economica. “Para 2025 a alta do ouro pode continuar apoiada pela continuação das tensões geopolíticas, os temores sobre tarifas rígidas dos EUA e flexibilização da política monetária americana”, prevê Lori.
Em resumo, não há uma fórmula única para o sucesso, e cada investidor deve buscar uma estratégia personalizada. O papel de um avaliador qualificado é essencial para ajudar a traçar o melhor caminho, considerando tanto os objetivos de curto e longo prazo quanto às condições do mercado.