O fluxo cambial, entrada e saída de moeda estrangeira do País, marcou em dezembro o pior rombo mensal em mais de 16 anos e com déficit recorde pela conta financeira, fechando 2014 com saldo negativo de US$ 9,287 bilhões.
Este foi o segundo ano seguido que o fluxo fecha no vermelho, informou o Banco Central nesta quarta-feira. Em 2013, ele havia ficado negativo em US$ 12,261 bilhões.
Só em dezembro, as saídas líquidas somaram US$ 14,050 bilhões, pior resultado mensal desde setembro de 1998, quando o rombo foi de US$ 18,919 bilhões.
O resultado sublinha as turbulências que vêm sendo sentidas no mercado de câmbio, em meio a quadros global e doméstico desafiadores. O dólar avançou ante o real pelo quarto ano seguido em 2014, saltando quase 13%, e operadores afirmam que a perspectiva é que a divisa deve continuar subindo neste ano, mesmo com menor intensidade.
"Devemos ver uma melhora (no fluxo) no ano que vem, mas o espaço é bem limitado", afirmou o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello, acrescentando que a recuperação econômica no Brasil deve ser lenta.
Ele lembrou ainda que o cenário externo deve mostrar turbulências, sobretudo com a expectativa sobre quando o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, deve começar a elevar os juros da maior economia do mundo, com potencial para tirar recursos de outros mercados, como o brasileiro.
O BC informou ainda que, apenas no dia 2 de janeiro, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 1,087 bilhão.
Financeiro
O desempenho do fluxo cambial foi influenciado principalmente pela conta financeira - por onde passam os investimentos diretos, em portfólio, entre outros -, que exibiu déficit de US$ 14,542 bilhões em dezembro. Foi o pior resultado mensal na série histórica do BC, iniciada em 1982.
Por conta disso, essa conta também acabou fechando 2014 no vermelho, com déficit de US$ 13,424 bilhões, mas com resultado melhor que a saída líquida de US$ 23,396 bilhões vista em 2013.
Para Curvello, as saídas financeiras foram amortecidas em 2014 pela relevante alta da Selic, que subiu a 11,75%, atraindo recursos externos em busca de melhores rendimentos.
O BC informou ainda que a conta comercial marcou superávit de US$ 492 milhões em dezembro e saldo positivo de US$ 4,137 bilhões em 2014, muito aquém do superávit visto no ano anterior, de US$ 11,136 bilhões.