A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta segunda-feira, 27, em sua primeira entrevista à imprensa no comando da estatal, que não há como gerir a companhia "sem respeitar a lógica empresarial", ao ser questionada sobre o pagamento de dividendos aos acionistas e o temor de investidores privados de verem o porcentual de proventos relativos ao fluxo de caixa livre cair.
"Vamos respeitar a lógica empresarial. Não há como gerir a Petrobras sem respeitar a lógica empresarial", disse. Ela afirmou ser necessário atender, ao mesmo tempo, os interesses tanto de acionistas públicos quanto privados. "Se tem lucro, tem dividendos. Nós queremos ter lucro e queremos ter dividendos", disse em um segundo momento, ao ser novamente questionada sobre esse assunto.
Magda prometeu também "tempestividade, agilidade e efetividade" à frente da estatal. "Temos que agregar às promessas (de boa gestão) a tempestividade, a aceleração dos esforços dessa companhia. Esse é o meu perfil. Sou uma pessoa que busca fazer as coisas, mas fazer as coisas com tempestividade. O sistema petrolífero tem uma variável que é o tempo, as coisas têm que ser tempestivas", disse.
Segundo ela, a "palavra-chave é conversa". "Temos que conversar muito e entender as demandas de cada um. E colocar a Petrobras para atender os interesses desses seus acionistas dentro da lógica empresarial", repetiu, sem dar detalhes.
Antes de começar a responder às perguntas dos jornalistas, Magda lembrou que começou na Petrobras com apenas 22 anos e que retornar para chefiá-la é uma "grande honra". Ela lembrou que foi testemunha do bom desempenho da companhia por décadas, mesmo quando migrou para a ANP, período que abarcou a descoberta e o início do desenvolvimento do pré-sal.
Ela colocou suas prioridades, sendo a principal o bom desempenho da frente de exploração e produção de petróleo e gás, principal negócio da empresa.
Segundo Magda, repor reservas e a exploração da Margem Equatorial, no Nordeste e Norte, e da Bacia de Pelotas, no Sul do País, são prioridades para compensar o início do declínio da produção do pré-sal a partir de 2030.
Energias renováveis
Magda disse ainda refutar a tese de que negócios de energia renováveis são deficitários, e acrescentou que está mantido o interesse da Petrobras em fazer investimentos na área, conforme previsto no Plano Estratégico até 2028.
"A gente tem tradição nesse ramo (energia limpa), nossa matriz é renovável. Refuto que a energia renovável dê prejuízo, o mundo quer isso", disse Magda.
Segundo ela, a questão do interesse em renováveis vem de uma lógica comercial em um mundo que mira a neutralidade em carbono (net zero).
A sinalização, portanto, é de que a nova gestão da Petrobras deve dar continuidade à busca por ativos de geração de energia renovável, como vinha acontecendo sob Jean Paul Prates.
Conforme apurou o Estadão/Broadcast, o diretor Mauricio Tolmasquim deve seguir no cargo de diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, sendo o responsável por esses projetos. Conforme ele vinha dizendo antes da transição, a Petrobras procura comprar plantas de geração eólica onshore e fotovoltaica em atividade e com bom potencial de expansão.