Principal ferramenta do Banco Central (BC) para controlar a inflação, a Selic voltou a subir nesta quarta-feira, 11. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros da economia brasileira de 11,25% para 12,25% ao ano na última reunião do colegiado em 2024. A alta de 1 ponto percentual (p.p) afeta a economia como um todo, com impacto direto no bolso dos brasileiros.
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Segundo economistas ouvidos pelo Terra, a Selic mais alta encarece o crédito. Assim, os empréstimos e os financiamentos ficam mais caros. Isso acaba reduzindo o consumo da população, que passa a ter maiores taxas para financiar e parcelar uma compra. Por outro lado, diante do aumento dos juros os rendimentos de renda fixa tendem a ficar mais atraentes.
Marcello Carvalho, economista da WIT Invest, explica também que a Selic a 12,25% tem um impacto direto nas empresas, gerando um aumento do custo da dívida. Esse aumento prejudica, principalmente, os setores varejistas, que além de endividadas, dependem bastante de crédito como forma de venda de seus produtos. Yuri Landim, especialista em investimentos, acrescenta mais dois setores: o imobiliário e o industrial.
“A maioria das empresas brasileiras precisam se capitalizar por meio de captação de recursos, que acaba ficando mais cara. Então, temos uma redução na margem das empresas. Com isso, as empresas também tendem a vender menos, porque o consumo também tende a diminuir, justamente para baixar essa questão da inflação. Além disso, o crédito fica mais caro também para as empresas captarem esse dinheiro”, afirma Landim.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, diz que o cenário de alta da Selic vai travar um pouco a economia. Isso porque um juro mais alto traz um custo de capital mais alto e aí, às vezes, não fica tão interessante para as empresas expandirem seus negócios ou o empreendedor começar novos empreendimentos na economia real, e isso trava um pouquinho a economia.
“As empresas que têm como seu modelo de negócio o crescimento pode atuar de forma mais comprimidas, um pouco mais pressionadas devido a um custo de capital mais alto. As empresas endividadas ou aquelas que precisam endividar-se para crescer e têm como objetivo o crescimento vão ter um custo de capital mais alto”, avalia o especialista.
Quem ganha com a alta dos juros
Com o aumento da Selic, investimentos de renda fixa vão performar melhor nominalmente nos próximos meses. A alta na Selic terá impacto positivo para aquele investidor conservador brasileiro, onde tem a maior parte dos seus investimentos atrelados à Selic e o CDI. Por exemplo, os CDBs, emitidos por instituições financeiras, devem apresentar bons rendimentos diante da alta dos juros. A mesma coisa ocorre com os Fundos DI e o Tesouro Selic.
“Em relação aos investimentos, com uma taxa de juros mais alta, a gente começa a ver uma migração bem forte para a renda fixa, principalmente que o juros soberano do país vai estar pagando ou 12,25% ou 12%. Isso é muito atrativo para aqueles investidores e aí o capital começa a migrar mais para a renda fixa porque vai estar com uma relação risco-retorno bem favorável”, diz Cittadin.
Renda variável
No caso da renda variável, as ações perdem sua atratividade, já que os investidores preferem passar a opções mais seguras e com rendimento previsível. Para quem investe em ações, isso pode significar uma queda nos preços dessas ações, já que os investidores consideram que elas acabam não conseguindo oferecer um retorno tão competitivo em relação à renda fixa.
"É importante destacar que essa mudança não significa que a renda variável tenha um desempenho ruim o tempo todo. O que acontece é que, em momentos de juros elevados, a percepção de risco se altera, e muitos preferem a estabilidade da renda fixa, especialmente quando o retorno das ações e seus dividendos não são suficientes para superar o rendimento da renda fixa", explica Pedro Persichetti, especialista do mercado financeiro e fundador da Sail Capital.