Não, a Selic ainda não baixou. Mesmo após a redução da inflação, o Copom a manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, após a última reunião de 2022. E isso pode trazer consequências para as pequenas e médias empresas (PMEs).
“Muitas empresas recorrem à empréstimos para o giro mensal de sua operação. Com a taxa Selic elevada, somada ao cenário externo desafiador, bancos e instituições financeiras estão mais seletivos na concessão de empréstimos e negócios pequenos e médios tendem a ter mais dificuldade na obtenção de crédito. Quando conseguem, encontram taxas de juros inviáveis”, analisa Jonatas Giovinazzo, CFO da Finnet, fintech de serviços de automação para a gestão financeira.
O fato é que, com taxas médias de empréstimos para capital de giro de curto prazo (menor ou igual a 12 meses) em torno de 40-50% ao ano, e ainda com exigências de garantias, o mercado financeiro mostra que prevê um alto risco nas empresas PMEs.
“É como se dissessem que essas empresas têm maior chance de inadimplência ou de não sobreviver no médio prazo para honrar seus compromissos. Isso deriva de uma expectativa ruim com relação aos fundamentos macroeconômicos para o próximo ano”, esclarece o especialista.
O preço da flexibilização das regras
Para Jonatas Giovinazzo, o mercado está precificando a flexibilização das regras de responsabilidade fiscal que deve ocorrer em 2023.
“Em contextos como este, em que há uma apreensão do mermado, os negócios menores sentem mais, pois têm menos poder de barganha e menos musculatura para aguentar uma instabilidade econômica”, diz ele.
Dessa forma, as linhas de crédito com juros altos levam a um aumento demasiado dos custos financeiros para as empresas, com consequente redução da lucratividade, uma vez que se há pouco espaço para repasse ao consumidor/cliente final.
“Em resumo, as PMEs que necessitam de capital externo para rodar seus negócios, estão passando por um período delicado”, afirma Jonatas. “A solução para os pequenos e médios empresários é direcionar o planejamento para construção de negócios com indicadores financeiros consistentes, buscando equilibrar os investimentos com rentabilidade e geração de caixa, objetivando uma menor dependência de capital de terceiros no curto prazo.”