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SP: seca aquece venda de água em caminhões-pipa e mercados

Em alguns casos, caminhões transportam mais de 5 mil litros até piscinas para que depois os moradores transfiram a água para tanques e outros reservatórios

21 out 2014 - 14h52
<p>Desde maio, quando começou a ser usado o volume morto do Sistema Ccantareira, a demanda cresceu e vem se intensificando nos últimos dias</p>
Desde maio, quando começou a ser usado o volume morto do Sistema Ccantareira, a demanda cresceu e vem se intensificando nos últimos dias
Foto: Fábio Santos / Terra

Com a baixa constante do nível dos reservatórios dos sistemas de abastecimento de água, moradores da região metropolitana de São Paulo e de municípios vizinhos estão recorrendo à compra de água mineral nos supermercados e e aos serviços de caminhões-pipa para enfrentar períodos com torneira seca e se precaver em caso de falhas no fornecimento.

Nas empresas que exploram esses serviços, os telefones não param de tocar. “A cada dez ligações que recebemos, nove são de residências”, informa Nayara Arnoud, proprietária da Fonte Dracena Transporte de Água Potável.

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A Dracena atende a bairros da zona oeste da capital e a municípios vizinhos, como Osasco. Segundo Nayara, a demanda ultrapassou a fronteira tradicional de cobertura com pedidos vindos das zonas leste, sul e norte da cidade. As chamadas que antes partiam de restaurantes, empresas de ramos variados e de residências em que o interesse era apenas encher piscinas, agora são de pessoas que querem aumentar os estoques para necessidades do dia a dia.

De acordo com a empresária, em alguns casos, contou, como os caminhões-pipa transportam um volume de, no mínimo, 5 mil litros, tem gente comprando a água, que é colocada em piscinas e depois transferida para tanques e outros reservatórios domiciliares. “A procura é tão grande que só estamos conseguindo atender a dois de cada dez pedidos. Por isso, estamos dando preferência aos clientes habituais”, acrescentou Nayara, sem, no entanto, declarar a dimensão dos negócios.

Na mesma região, a H2Ondina Distribuidora de água Potável vive situação semelhante. “Desde o começo do mês, estamos com demanda em alta, tanto de empresas quanto de pessoas físicas”, diz a responsável pelas vendas, Neiva Rodrigues. Moradores e comerciantes dos bairros da Lapa, Vila Leopoldina e Pinheiros e de municípios vizinhos, como Osasco e Carapicuíba, são os principais clientes. A maioria dos pedidos é para encher piscinas e tanques de residências e restaurantes. O carregamento de 12 mil litros sai por R$ 400.

Na empresa Z Morumbi Transporte de Água potável, na zona sul, o consumidor paga R$ 400 por 10 mil litros. Segundo a companhia, a procura aumentou em torno de 10%. De acordo com porta-voz da empresa, na região, a falta de água ocorre apenas em alguns períodos e muitos esperam para usá-la na hora em que chega.

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Em Atibaia, ao norte de São Paulo, um dos dez municípios que dependem do Sistema Cantareira, foi aberta há dois meses a Tec Sonda Poços Artesianos, que teve crescimento expressivo nesse curto período. Embora não saiba dimensionar o crescimento, o supervisor da empresa, Carlos Moura, afirma que é grande. A Tec Sonda Poços Artesianos limita o fornecimento de água a locais situados a até 150 quilômetros da sede. Os preços variam de R$ 250, o caminhão-pipa com 10 mil litros para entrega na própria cidade, a R$ 700, para encomendas fora do município, com o valor dependendo da distância.

A construção de poços artesianos também cresceu no primeiro semestre deste ano. Segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), as emissões de licenças cresceram de 456, no passado, para 515 de janeiro até agora. De acordo com o Daee, o crescimento vem sendo gradativo nos últimos cinco anos. O total de poços cadastrados até setembro em todo o Estado somavam 27.312, sendo 2.082 apenas na capital. Em 2011, eram 20.362; em 2012, 22.623; e, em 2013, 25.556.

O aquecimento que se verifica em relação aos caminhões-pipa também ocorre na venda de água mineral em supermercados e nas empresas que fornecem os galões de plástico, informou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), Álvaro Furtado.

Furtado informou que, desde maio, quando começou a ser usado o chamado volume morto, ou reserva técnica, do Sistema Ccantareira, a demanda cresceu e vem se intensificando nos últimos dias com as notícias sobre o uso da segunda cota da reserva técnica. Segundo ele, ainda não existe um levantamento preciso sobre esse avanço. Assim que teve início o uso da reserva, fornecedores têm dito que já receberam 10% a mais de pedidos. “Com o calor excessivo e a ameça de falta d'água, a tendência é aumentar a bastante procura”, concluiu Furtado.

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Procurada, a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) informou que não tem havido aumento de encomendas que possa ser associado ao período de estiagem prolongada e que não há risco de falta do produto no mercado. Para a Abinam, alguns estabelecimentos, porém, podem não ter tido estoque suficiente para atender à maior procura dos últimos dias provocada pelo calor excessivo.

Ainda conforme a Abinam, o setor tem crescido ano a ano e registrou, só no ano passado, uma alta de 14,5%. No entanto, acrescenta a entidade, essa expansão resulta mais da busca da população por melhor qualidade de vida do que de efeitos sazonais do clima e da eventual falta na distribuição de água dos sistemas de abastecimento. Entre dezembro do ano passado e março deste ano, o setor vendeu 30% mais.

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A crise no sistema Cantareira

Agência Brasil
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