O governo está abrindo o setor bancário para competição e pretende reduzir e simplificar impostos, afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira, frisando que os spreads dos bancos "vão ter que cair".
"A competição bancária está aumentando não só pelas fintechs, que é a competição que vem do futuro, mas tem a do passado também, as empresas simples de crédito", disse Guedes. "Isso tudo vai começar a comprimir os spreads", acrescentou, em referência à diferença do custo de captação das instituições e as taxas de juros cobradas dos clientes no crédito.
Ao participar do Brasil Investment Forum 2019, evento promovido pelo governo em São Paulo, Guedes disse que os bancos públicos estão sendo desalavancados e que o BNDES vai se desfazer de suas ações e focar sua atuação em saneamento, privatizações, concessões e reestruturação financeira de Estados e municípios.
"Para que que um banco público tem que ficar com carteira de ações? Só para manter um portfólio grande e poder pagar salários altos para todo mundo, privilégios, benefícios? Tá errado", disse Guedes. "Ele tem que vender isso e devolver o que está devendo para o Brasil, porque alavancaram os bancos para fazer favores para empresas companheiras e o banco agora tem que reduzir isso e devolver, e é o que está fazendo, começa a devolver."
REFORMAS
O ministro reiterou que, uma vez aprovada a reforma da Previdência, o governo vai encaminhar ao Congresso parte da reforma tributária --que irá à Câmara dos Deputados-- e o pacto federativo --para o Senado.
Ele ressaltou que a proposta do governo para a reforma tributária prevê a implantação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) federal, sem imposição de adesão de Estados e municípios, e uma reformulação do Imposto de Renda.
O objetivo da criação de um imposto sobre transações era viabilizar a desoneração da folha de pagamentos, disse o ministro, reconhecendo que a ideia "não foi recebida".
"Agora fica a pergunta, o que sugerem para viabilizar a desoneração da folha?"
O Executivo também vai encaminhar uma reforma administrativa, disse Guedes, destacando que o governo quer "atacar" as despesas da máquina pública e que, nesse processo, será pedido "sacrifício" aos servidores públicos. Ele criticou o fato de algumas carreiras públicas começarem com salários muito elevados e oferecerem progressão automática.
Sem entrar em detalhes, o ministro disse, ainda, que não está satisfeito com o ritmo das privatizações e que é preciso criar um "fast track" para acelerar o processo.