Subsidiária da Johnson & Johnson, Red River Talc entra com pedido de recuperação judicial nos EUA em relação aos processos por talco relacionado ao câncer de ovário.
A Johnson & Johnson anunciou, na sexta-feira 20, que a subsidiária Red River Talc entrou voluntariamente com um pedido do chamado Capítulo 11 na Justiça dos Estados Unidos, para encerrar os processos que acusam talcos da marca de estarem relacionados a casos de câncer de ovário. O Capítulo 11 equivale, no Brasil, ao processo de recuperação judicial.
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A empresa só pôde fazer o pedido de recuperação porque houve anuência de 83% dos envolvidos nos processos. As medidas para remediar os danos das ações judiciais relacionadas ao câncer de ovário têm sido chamadas pela Johnson & Johnson de o "Plano".
“Este Plano é justo e equitativo para todas as partes e, portanto, deve ser rapidamente confirmado pelo Tribunal de Falências", disse Erik Haas, vice-presidente mundial de litígios da Johnson & Johnson, no comunicado da marca sobre a recuperação judicial da subsidiária.
Após extensas negociações com os advogados dos requerentes que inicialmente se opuseram ao Plano, a Red River concordou em aumentar a sua contribuição para o acordo em US$ 1,75 bilhões (R$ 9,7 bilhões) chegando à cifra de US$ 8 bilhões (R$ 44,3 bilhões) para encerrar os casos.
O valor será pago ao longo de 25 anos - assim, nominalmente, o montante chega a US$ 10 bilhões (R$ 55,3 bilhões).
A Johnson & Johnson afirma que o acordo tem o interesse de acabar com as ações judiciais, mas que, caso os processos fossem todos julgados, acredita que os requerentes não chegariam próximos ao valor firmado no Plano.
"Na verdade, a empresa prevaleceu em aproximadamente 95% dos casos de câncer de ovário julgados até à data, incluindo todos os casos de ovário julgados nos últimos seis anos. Além disso, com base na taxa de execução histórica, seriam necessárias décadas para litigar os restantes casos e, portanto, a maioria dos requerentes nunca terá 'o seu dia no tribunal'", diz trecho do comunicado publicado pela marca.
A Johnson & Johnson já tentou outras vezes chegar a acordos bilionários sobre o tema, mas sem sucesso até então. Em maio deste ano, a empresa ofereceu US$ 6,5 bilhões para encerrar os processos.
O talco alvo de desconfianças por parte dos consumidores, por conter amianto, não é vendido mais desde 2020, nos Estados Unidos e no Canadá. No mercado mundial, o talco do tipo não está mais à venda desde o ano passado.