As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em queda, principalmente entre os contratos com prazos mais curtos, refletindo expectativa de que o governo Lula possa adotar novas medidas na área fiscal ao longo de 2025, como sinalizado por membros da equipe econômica em entrevistas recentes.
Na ponta longa da curva as taxas terminaram com leves ganhos, após o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global de investimentos -- ter atingido o maior nível em 14 meses durante a sessão.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 - um dos mais líquidos no curtíssimo prazo - estava em 14,005%, ante o ajuste de 14,047% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,955%, em baixa de 11 pontos-base ante o ajuste de 15,069%, e o vencimento para janeiro de 2027 estava em 15,29%, em queda de 14 pontos-base ante 15,425%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,22%, ante 15,207% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 15,07%, em alta de 4 pontos-base ante 15,035%.
Na semana passada o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito que o governo seguia estudando novas medidas para sanear as contas públicas.
Já o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reforçou em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano. Segundo ele, novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação, pelo Congresso, do Orçamento de 2025.
"O noticiário doméstico está influenciando a queda das taxas de juros, indicando que o governo está disposto a adotar novas medidas no âmbito fiscal para ajudar o Banco Central a trazer a inflação de volta à meta, deixando a política monetária e a fiscal mais sincronizadas", comentou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
"Parece que a equipe econômica está com aval do presidente Lula para apertar um pouco a política fiscal. É preciso ver se realmente sairá algo concreto, mas hoje pelo menos, em meio à agenda mais fraca, isso faz preço", acrescentou.
Durante evento do Bradesco Asset nesta segunda-feira, em São Paulo, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, abordou a questão fiscal e seus efeitos sobre a política monetária. Segundo ele, a meta de resultado primário do governo federal de 2024 tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro fiscal ainda demanda atenção.
"Há incertezas em relação ao cumprimento das metas nos próximos anos e as projeções dos analistas indicam trajetória crescente da dívida", alertou.
Na ponta curta da curva a termo a queda das taxas traduziu nova redução das apostas de que o Banco Central promoverá elevação maior da Selic no fim deste mês.
Perto do fechamento desta segunda-feira a curva precificava 80% de probabilidade de elevação de 100 pontos-base da Selic no fim de janeiro, contra 20% de chance de aumento de 125 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 73% e 27%, respectivamente.
Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano, e em suas comunicações mais recentes o BC indicou a intenção de promover altas de 100 pontos-base nos dois próximos encontros, em janeiro e março.
No relatório Focus divulgado pela manhã, a mediana das projeções do mercado para inflação aumentou ligeiramente: de 4,99% para 5,00% em 2025 e de 4,03% para 4,05% em 2026. A Selic projetada para o fim deste ano seguiu em 15%.
Na ponta longa da curva brasileira as taxas demonstraram um pouco mais de força, após o avanço do yield do Treasury de dez anos até o pico de 14 meses. Às 16h39 o rendimento deste título norte-americano demonstrava maior acomodação, com alta de 2 pontos-base, a 4,79