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Taxas futuras curtas devem passar por ajustes limitados após Copom; viés para dólar é de baixa

18 set 2024 - 20h49

As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo devem passar por ajustes limitados na quinta-feira, segundo profissionais ouvidos pela Reuters, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter elevado a Selic em 25 pontos-base nesta quarta-feira, para 10,75% ao ano.

Sede do Banco Central, em Brasília
14/02/2023
REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central, em Brasília 14/02/2023 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

A alta de 25 pontos-base, conforme os profissionais, já era largamente esperada e estava precificada na curva a termo, o que limita os ajustes nas negociações de quinta-feira.

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Ainda assim, o tom do comunicado foi considerado hawkish (duro com a inflação), não descartando a possibilidade de aumento de 50 pontos-base da Selic no próximo encontro do colegiado, em novembro, caso a evolução da inflação e das expectativas não sejam favoráveis.

Para alguns analistas, o tom duro do comunicado abriu espaço para certa desinclinação da curva na quinta-feira.

"A combinação do Federal Reserve cortando juros em 50 pontos-base hoje... com o fato de que o BC entregou a alta da Selic e trouxe um comunicado hawk ajuda a desinclinar um pouco a curva de juros", avaliou o economista-chefe da Reag Investimentos, Marcelo Fonseca.

"Os vértices mais curtos devem se ajustar um pouco para cima, enquanto entre os longos o prêmio cai um pouco", opinou, ao avaliar eventuais impactos sobre a curva brasileira na quinta-feira.

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Para o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, em tese o comunicado duro do Copom de fato poderia sugerir uma desinclinação da curva, mas o efeito pode ser inverso porque, para ele, já existe uma precificação equilibrada para as próximas reuniões do Copom, em novembro e dezembro.

"As precificações para as duas próximas reuniões estão em 40 ou 45 pontos-base (de alta da Selic) na curva, o que é bem precificado. Então eu vejo um movimento modesto (nesta quinta-feira)", comentou Serrano. "Como está bem precificado, as (taxas) curtas, até meados de 2025, podem até cair um pouco, por movimentos técnicos."

A head de Renda Fixa da XP, Camilla Dolle, avaliou que a decisão desta quarta-feira do Copom estava mais precificada que a do Fed, que cortou sua taxa de juros em 50 pontos-base, e não em 25 pontos-base.

"Isso deve ter um efeito maior sobre a curva de juros lá fora, mas aqui também", disse ela em comentário a clientes, após o anúncio do Copom. "Dá para esperar certo fechamento na parte curta da curva e abertura na longa", acrescentou.

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CÂMBIO

No mercado de câmbio, os profissionais avaliam que o viés para a quinta-feira é de queda do dólar ante o real, ainda que com intensidade limitada.

"A alta dos juros aqui no Brasil somada à queda dos juros nos EUA... faz com que o diferencial de juros (carry trade) aumente e isso, em tese, é positivo para o câmbio", disse Cristiane Quartaroli economista-chefe do Ouribank, em comentário enviado a clientes.

"Lembrando novamente que grande parte desse movimento já havia sido antecipado pelo mercado, de forma que o impacto amanhã (quinta-feira) poderá ser reduzido."

De acordo com Fonseca, da Reag Investimentos, o impacto sobre o câmbio nesta quinta-feira será realmente limitado, já que a decisão do Copom não surpreendeu.

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"O câmbio deveria ter reagido de forma mais importante hoje, com o Fed. A tendência é (o câmbio) continuar apreciando amanhã", avaliou, reforçando que o movimento tende a ser limitado.

(Fabricio de Castro)

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