As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira de véspera de feriado em baixa, em meio à expectativa de que o pacote fiscal do governo Lula atinja cifras acima do que vinha sendo esperado pelo mercado, ainda que a cautela sobre as medidas tenha evitado ajustes maiores nos prêmios.
No exterior, os rendimentos do Treasury de dez anos cediam, o que também contribuiu para o alívio da curva brasileira.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo - estava em 11,42%, ante 11,423% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 13,35%, em baixa de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,402%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,03%, ante 13,043% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,9%, ante 12,916%.
Apesar de não confirmadas oficialmente, notícias na imprensa que começaram a circular na véspera, de que o pacote fiscal do governo pode ter impacto de 70 bilhões de reais, trouxeram certo otimismo para os negócios no Brasil nesta quinta-feira.
Isso porque agentes do mercado vinham especulando que o governo adotaria cortes mais modestos, de 30 bilhões a 50 bilhões de reais, conforme profissionais ouvidos pela Reuters, e um esforço de 70 bilhões de reais iria emitir um sinal de compromisso do Planalto com o equilíbrio fiscal.
"O Brasil não consegue se desvencilhar mais da questão fiscal. Infelizmente, não tivemos nenhuma materialização ainda, mas as últimas sinalizações foram positivas, tanto do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad, quanto do próprio governo", afirmou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
"Falou-se até em 70 bilhões (de reais) do pacote. Então, vemos um certo alívio no risco, uma devolução da alta recente do dólar", acrescentou.
Na quarta-feira, Haddad disse a jornalistas que o número do ajuste será "expressivo", e que a intenção é que todas as despesas passem, ao longo do tempo e "na medida do possível", a obedecer aos limites do arcabouço fiscal.
Segundo Spiess, a expectativa de que o governo de fato anuncie um pacote robusto justificava a redução dos prêmios na curva, mas o movimento era limitado em função das incertezas -- entre elas, o tamanho do pacote e quando ele será de fato anunciado.
No início da tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou por videoconferência de dois eventos diferentes, nos quais reiterou a preocupação da autarquia com as expectativas de inflação e a necessidade de controle fiscal para que os juros caiam.
"É difícil ter juros estruturais mais baixos se o fiscal não estiver organizado", afirmou em um dos eventos. "Se a gente não entender que precisamos fazer o ajuste do lado dos gastos, acabamos fazendo... com que os prêmios de risco fiquem mais altos", acrescentou.
Externamente, o yield do Treasury de dez anos cedia após ter atingido mais cedo o pico de quatro meses, o que também favorecia a baixa de prêmios dos DIs no Brasil.
Neste cenário, perto do fechamento a curva a termo brasileira precificava 50% de probabilidade de alta de 75 pontos-base da Selic no próximo mês e 50% de chance de elevação de 50 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 59% e 41%, respectivamente.
Pela manhã, o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), sugeriu que a economia brasileira segue resiliente. O indicador subiu 0,8% em setembro em relação a agosto, em dado dessazonalizado, acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,5%.
Já a alta trimestral ficou ligeiramente mais fraca do que o resultado do segundo trimestre, depois de o IBC-Br ter mostrado expansão de 1,25% entre maio e junho. No primeiro trimestre, o índice avançou 1,61%.
Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 3 pontos-base, a 4,422%.