ZURIQUE - O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está "bastante determinado" na busca do equilíbrio fiscal. Em fala durante o Brazil Economic Forum, promovido pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, em Zurique, na Suíça, ele defendeu que o chefe da equipe econômica deve ser "legitimado".
"Nós precisamos, o Brasil, legitimar o ministro da Fazenda. Precisamos de um ministro da Fazenda forte. Um ministro da Fazenda que possa realmente nos ajudar a seguir para o equilíbrio das contas públicas. Isso é fundamental", disse Isaac.
Ele aproveitou a presença do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na plateia, e disse que o cargo "não é fácil". "Portanto, ficar aqui e ali isolado, aqui e ali desautorizado, parece fazer parte do currículo do ministro da Fazenda", disse.
Isaac afirmou ainda que se o governo se vê já em meio a um processo de pré-campanha eleitoral para 2026, deveria efetivamente buscar enfrentar as três variáveis que estão pesando na economia brasileira: inflação alta, juros elevados e dólar forte.
Tabuleiro fiscal
Ele disse que o Brasil precisa ir além no fiscal em meio a um momento "turbulento" no mundo e o esgotamento da política de recomposição das receitas.
"Certo é que teremos de avançar mais algumas importantes casas no tabuleiro fiscal brasileiro", avaliou ele, durante o Brazil Economic Forum, promovido pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, em Zurique, na Suíça.
Issac defendeu o endurecimento do arcabouço fiscal. Na sua visão, o governo deveria perseguir um crescimento das despesas menor do que a regra atual, que prevê alta real de até 2,5% no ano.
"Está claro que a política de recomposição das receitas se esgotou e é preciso direcionar todos os esforços no sentido de uma maior contenção dos gastos", reforçou.
De acordo com ele, o Brasil precisa evitar impactos relevantes nas expectativas para a economia e seguir rumo à retomada do grau de investimento para atrair investimentos e facilitar a condução da política monetária pelo Banco Central. Também criticou o impacto dos juros altos na economia.
"O Banco Central está sacrificando a economia, praticando níveis de juros muito elevados para fazer o que precisa ser feito: conter as pressões inflacionárias", disse.
Em um mundo "turbulento" e "recheado de incertezas", todo cuidado da inflação é pouco, conforme ele. Os países estão muito endividados, com inflação e juros elevados. Medidas de maior protecionismo comercial estão disfarçadas de políticas de segurança nacional, avaliou.
"O mundo está ansioso para saber o que o novo governo dos Estados Unidos fará. Mas, ninguém sabe ao certo como tais políticas serão implementadas e efetivamente qual será o efeito líquido disto. O mundo está anestesiado", afirmou Isaac. Esse cenário não dá espaço para erros no Brasil, que deveria se ampliar para o comércio internacional, na sua visão.