Os investidores estrangeiros estão voltando com força ao mercado de dívida pública do Brasil, disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, à Reuters, na esteira da recuperação dos ativos financeiros locais desde que o governo propôs novas regras fiscais há duas semanas.
Em entrevista na noite de terça-feira, Ceron disse que o governo espera dobrar a participação estrangeira na dívida pública interna para cerca de 20% até 2026. Ele citou a demanda que chegou a superar em quatro vezes a oferta da semana passada de 2,25 bilhões de dólares em títulos soberanos, a primeira do Brasil desde 2021, como evidência do renovado apetite estrangeiro.
"A emissão externa prova isso de forma clara. A gente sente nos nossos leilões a presença de não residentes de forma mais forte", afirmou.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no final de março o esperado arcabouço fiscal, para substituir o teto de gastos, regra que ficou desacreditada após sucessivos descumprimentos.
Desde então, a curva de juros do país melhorou acentuadamente, com a taxa do contrato futuro de juros mais líquido, com vencimento em janeiro de 2025, caindo para 11,790%, ante mais de 13% há dois meses.
A confiança nas novas regras fiscais, junto com a redução da inflação e uma melhora nas perspectivas globais, também impulsionou a moeda brasileira para seu nível mais forte em dez meses, enquanto o Ibovespa subiu quase 5% até agora este mês.
Ceron disse que o novo quadro fiscal sinaliza uma trajetória de estabilização da dívida pública, proporcionando "muito alívio" aos mercados, embora os críticos ainda questionem a intensidade e o prazo de entrega do ajuste fiscal projetado. A nova estrutura fiscal será apresentada na próxima semana ao Congresso, disse Ceron.