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'Títulos verdes' serão uma das principais estratégias das empresas no Brasil para ESG, mostra estudo

Levantamento do Insper e da Assetz com diretores financeiros do País aponta que emissão de 'green bonds' e 'sustainability bonds' será o segundo principal foco da área financeira nos próximos anos para agenda verde

2 out 2024 - 11h29

Mais do que planejar investimentos voltados para operações sustentáveis nos negócios, os diretores financeiros (CFOs, na sigla em inglês) das empresas no Brasil pretendem adotar estratégias da "agenda verde" para captação de recursos. A emissão de títulos de dívida "verdes", como green bonds e sustainability bonds, é citada como a segunda maior prioridade desses executivos nos próximos anos. A iniciativa aparece entre os principais focos da área financeira dentro de iniciativas voltadas ao meio ambiente.

De acordo com a 4.ª edição da pesquisa "O Perfil do CFO no Brasil", elaborada pelo Insper e pela consultoria Assetz e lançada no mês passado, a emissão desses títulos aparece à frente de prioridades de investimento em economia circular; em energia limpa e renovável; em redução de emissões de carbono; e em projetos de preservação da biodiversidade, respectivamente.

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Conforme o documento, as green notes (notas verdes) foram emitidas pela companhia de energia com vencimento em janeiro de 2035 e taxa de juros de 5,70% ao ano. "Os recursos líquidos captados por meio da emissão serão destinados para a liquidação de determinadas dívidas da companhia, gestão ordinária de seus negócios e realização de investimentos em projetos e ativos selecionados de acordo com o Green Financing Framework da companhia", informou o executivo no comunicado.

Já a Natura fez sua mais recente emissão de títulos verdes em julho deste ano. A companhia emitiu debêntures no formato de sustainability-linked bonds (SLBs), no valor de R$ 1,32 bilhão, e informou ter recebido investimentos da International Finance Corporation (IFC) e do BID Invest, braço do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que contribuíram, respectivamente, com R$ 300 milhões e R$ 200 milhões na operação.

Natura realizou emissão de debêntures verdes em julho de 2024
Natura realizou emissão de debêntures verdes em julho de 2024
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

Segundo a companhia, um dos principais compromissos de utilização do recurso será o desenvolvimento de bioingredientes amazônicos, expandindo o número dos 44 já desenvolvidos até agora para 49 até 2027. "O Brasil tem um potencial imenso para liderar globalmente este modelo de negócios que harmoniza geração de renda com conservação ambiental. A emissão é uma ferramenta poderosa para nos ajudar a alcançar esse objetivo de ampliar a bioeconomia", afirmou a vice-presidente de Finanças e Estratégia da Natura, Silvia Vilas Boas, na ocasião das emissões.

Para Brunieri, há ainda uma maturidade a ser alcançada pelo mercado brasileiro em relação à captação via títulos verdes, mas a preocupação crescente dos CFOs mostra que há uma preparação em curso. Além disso, outro aspecto otimista é que 92% dos diretores financeiros entrevistados relataram que suas empresas já estão implementando políticas robustas de ESG, mostrando que há um cenário favorável para o avanço da estratégia, que tende a ganhar mais solidez com apoio de instrumentos reguladores.

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"No mercado brasileiro, as empresas de capital aberto, que respondem à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), estão se preparando cada vez mais para isso, em virtude das normas IFRS S1 e IFRS S2 (normas de sustentabilidade internacionais), que serão obrigatórias para reportar o que é feito por elas em relação à sustentabilidade. Então, as empresas estão percebendo que precisam se mexer em relação a esse tema, e com isso o mercado ficará mais maduro", prevê o especialista.

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