O presidente Jair Bolsonaro ouviu elogios do presidente norte-americano, Donald Trump, ao chegar para o jantar entre os dois em Mar-a-Lago, a residência de versão de Trump, mas não promessas de resolver uma das questões centrais para o Brasil, o risco de aumento de tarifas em setores vitais como aço e alumínio.
Depois de dizer que Bolsonaro estava fazendo um "trabalho fantástico" no Brasil, e que a relação entre os dois países nunca esteve tão boa, Trump foi questionado se então não haveria mais imposição de tarifas ao Brasil.
"Eu não faço nenhuma promessa", disse o norte-americano, com Bolsonaro a seu lado.
Os dois presidentes pararam por alguns minutos na entrada da residência para posar para os fotógrafos, quando Trump fez os comentários.
Em seguida, na mesa do jantar, Trump voltou a elogiar o brasileiro.
"É uma grande honra ter o presidente do Brasil conosco. Ele é um homem sensacional, está fazendo um ótimo trabalho. Nossa relação nunca foi mais próxima. E é muito bom tê-lo aqui", disse Trump na mesa de jantar onde estavam além de Bolsonaro, seu filho o deputado federal Eduardo e os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
Bolsonaro respondeu rapidamente os elogios, mas aproveitou para ressaltar o que considera um dos trunfos no relacionamento com Trump, o fato de serem ambos presidentes de direita.
"Estou muito feliz de estar aqui. É uma honra pra mim e para o meu país. Eu tenho certeza que num futuro próximo é muito bom contar com um bom relacionamento de direita", afirmou.
Na chegada, em um video postado pelo Palácio do Planalto em sua conta oficial no Twitter oficial, Trump diz que o Brasil deu uma "virada" e que Bolsonaro é um bom amigo, a quem deu "um bom presente".
"É um cara muito especial, um bom amigo meu, eu lhe dei um bom presente. Nós não cobramos tarifas em algumas coisas, foi um grande presente, ele ficou muito mais popular", disse Trump.
Bolsonaro responde então que algumas coisas que fez no Brasil foram inspiradas no presidente dos EUA.
Bolsonaro chegou a Palm Beach, onde fica a residência de Trump, no início da tarde deste sábado. O jantar organizado por Trump reuniu algumas dezenas de pessoas em Mar-a-Lago, além da comitiva dos dois presidentes.
Na pauta, os assuntos centrais para os norte-americanos são a crise venezuelana e a possibilidade de encaminhar as negociações para algum tipo de acordo de livre comércio entre os dois países.
Mais cedo, em um briefing na Casa Branca, um dos auxiliares de alto escalão do presidente norte-americano ressaltou que o governo dos EUA tem todo interesse em encontrar um "caminho para algum tipo de acordo de comércio com o Brasil".
"Nós estamos muito interessados em buscar algum tipo de acordo comercial. Isso é definitivamente uma meta," disse a fonte da Casa Branca, ressaltando que a boa relação entre os dois presidentes é única e isso está sendo demonstrado na área internacional e na arena comercial.
"Nós vamos continuar a resolver alguns dos gargalos e tentar ir adiante. Mas há uma vontade política absoluta de encontrar o que é melhor para os dois países", complementou, ressaltando, no entanto, que não haverá nenhum tipo de anúncio.
Venezuela
Outro assunto central do jantar deveria ser, segundo a fonte, a situação na Venezuela.
"Nós sempre vamos trabalhar com nossos aliados colombianos e brasileiros para uma solução para a crise, mas como eu disse, nós vamos continuar aumentando a pressão", afirmou.
Perguntado sobre a possibilidade do uso da força militar na Venezuela e qual o envolvimento dos países em uma eventual ação dos EUA, a fonte afirmou que o governo norte-americano espera não chegar a tanto, mas lembrou que Trump sempre afirmou que todas as possibilidades estão na mesa.
"Obviamente, a cooperação em defesa com Brasil e Colômbia é extraordinária e qualquer coisa que fizermos na região contamos completamente com a nossa aliança", afirmou, ressaltando novamente que o governo dos EUA espera não atingir esse limite.
Até hoje, o governo brasileiro evitou tratar de ação militar contra o país vizinho. A ala militar do governo se recusa a aceitar a possibilidade, citando a vedação constitucional brasileira a iniciar ataques a soberania de outros países.