O ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Carlo Calenda, anunciou nesta quinta-feira (27) que a União Europeia autorizou o governo a fazer um empréstimo-ponte de 400 milhões de euros para a Alitalia, que passa por uma grave crise financeira e corre o risco de entrar em falência.
A declaração foi dada durante entrevista a um programa da emissora "LA7". Perguntado pela apresentadora se Bruxelas já havia dado aval à operação, Calenda respondeu: "Sim, com certeza". Segundo ele, a condição imposta pela UE é que se faça um trabalho para "vender" a maior companhia aérea da Itália.
O empréstimo-ponte de 400 milhões de euros servirá para sanar a situação financeira da Alitalia e tornar a empresa mais atrativa para eventuais compradores. O governo italiano reaverá o dinheiro do empréstimo quando a possível aquisição for efetuada.
"Para um empréstimo-ponte de cerca de 400 milhões de euros, a condição é que se faça um trabalho de venda", explicou o ministro - a UE impõe diversas restrições a ajudas estatais para empresas privadas, já que isso poderia prejudicar a competição dentro do bloco.
Em 2016, a Alitalia registrou prejuízo de 400 milhões de euros, e estima-se que a companhia só tenha liquidez para até a metade de maio. Até o momento, nenhuma empresa mostrou interesse em comprar o grupo italiano, o terceiro maior do setor aéreo na União Europeia e que tem 12,5 mil funcionários.
Assim que receber um pedido formal da Alitalia, o governo deve nomear de um a três comissários para administrá-la até que seu futuro seja definido. Até então, havia duas hipóteses: manter a companhia em sua configuração atual ou vendê-la. Com o empréstimo-ponte, a segunda opção deve passar a ser a única carta na mesa.
Caso não encontrem compradores para a Alitalia ou não consigam recuperá-la, os comissários devem decretar sua falência. Ao menos por enquanto, a empresa continua operando normalmente, inclusive seus voos diretos para o Brasil.
Crise
Ex-companhia aérea de bandeira, a Alitalia foi privatizada nas últimas décadas e é comandada atualmente pela holding Compagnia Aerea Italiana (CAI), que detém 51% de seu capital, e pela Etihad, dona dos 49% restantes.
A segunda principal acionista da CAI é a empresa pública de correios Poste Italiane, com quase 19,48% de participação na holding, atrás apenas do banco privado Intesa Sanpaolo (20,59%).
A estatal entrou na operação da Alitalia em 2014, como parte de uma operação de resgate. Uma eventual quebra poderia ter repercussões negativas sobre o governo italiano, que ainda luta para tirar o país da crise e para reduzir seus elevados índices de desemprego, principalmente entre os jovens.
Em 2008, a Alitalia esteve para ser vendida para o grupo franco-holandês Air France-KLM, mas a operação foi bloqueada pelo então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que reuniu um pool de empresas italianas (a CAI) para comprá-la. Apesar disso, a CAI tinha como parceira a própria Air France, que controlava 25% da Alitalia. Contudo, nos anos seguintes, as firmas em questão não foram capazes de realizar os investimentos para levantar a companhia aérea.
Entre 2013 e 2014, a Alitalia ficou à beira da falência, porém foi salva por uma injeção de capital da Etihad, que passou a ter 49% de suas ações e prometeu recuperá-la. No entanto, a empresa italiana sofreu prejuízo de 400 milhões de euros em 2016, um resultado que é fruto de sua estratégia de apostar nas rotas de curta e média distância - menos lucrativas -, deixando de lado os trechos longos.
Além disso, a Alitalia não possui alianças com nenhuma outra grande companhia aérea europeia, o que dificulta a competição internacional contra grupos como Air France-KLM e Lufthansa. (ANSA)
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