Alexis Tsipras recebe o chefe do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem em Atenas; UE e Grécia chegaram a acordo
Depois de horas de reuniões em Bruxelas, líderes da União Europeia e da Grécia chegaram a um acordo financeiro que estenderá por quatro meses o plano de resgate à economia grega.
A decisão evita que a Grécia deixe a zona do euro nos próximos meses. O objetivo da União Europeia é evitar que o país dê o calote em sua dívida, além de ter mais tempo para negociar com os gregos.
Segundo o Ministro das Finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem, chefe do Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças e Economia de países da zona do euro), a Grécia se comprometeu a honrar suas dívidas em tempo hábil. "Isso é uma novidade muito positiva", disse Dijsselbloem. "Acho que hoje foi o primeiro passo para reconstruir a confiança. Como vocês sabem, confiança é algo que se perde mais rápido do que se ganha. Hoje foi um passo muito importante neste processo."
Christine Lagarde, presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), se disse satisfeita com a reunião. "Estamos felizes que agora o trabalho pode realmente começar."
Como contrapartida para selar o acordo, a Grécia prometeu anunciar uma lista de reformas até segunda-feira. As medidas serão apresentadas à União Europeia e aos credores, que irão avaliá-las. Caso sejam aprovadas, o acordo será selado oficialmente e assinado pelo chefe do Eurogrupo na terça-feira.
Do lado grego, um oficial do governo mostrou otimismo com o acordo. "Nós viramos a página. Evitamos medidas de recesso." Já o ministro das Finanças da Grécia, Yakis Varoufakis disse que "o acordo foi um pequeno passo para uma nova direção" e reiterou que a Grécia não usou ameaças nem blefe para chegar nele.
Histórico
A Grécia recebeu 240 bilhões de euros (quase R$ 700 bilhões) da União Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI.
Varoufakis havia feito um pedido nesta semana à União Europeia para estender o plano de resgate por mais seis meses – o que permitiria à Grécia pagar suas dívidas e evitar a falência. Em contrapartida, ele ofereceu uma série de concessões.
O acordo selado nesta sexta exigirá à Grécia implantar algumas reformas econômicas que permitam ao país pagar a dívida com a União Europeia. Ao vencer as eleições no final de janeiro, no entanto, o primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, rejeitou as medidas de austeridade vinculadas ao plano de resgate.
Uma fonte do governo grego disse na quinta-feira que o Eurogrupo tinha "apenas duas opções": aceitar ou rejeitar o pedido grego para estender o plano de resgate. "Vamos agora descobrir quem quer encontrar uma solução e quem não quer".