A Usiminas informou nesta segunda-feira, 27, que um incidente na Usina de Ipatinga vai obrigar a paralisação das operações por um período de 90 a 150 dias, "a depender da solução de reparo a ser implementada". Segundo a empresa, o acidente ocorreu no Alto Forno número 2 na última sexta-feira, 24.
A empresa diz que espera compensar a menor produção de aço bruto com a utilização de seus estoques e com a compra de placas no mercado, para minimizar o impacto no atendimento dos compromissos com os seus clientes.
A paralisação do equipamento ocorre três meses após a Usiminas retomar a operação do Alto Forno número 2 da Usina de Ipatinga. Segundo a siderúrgica, a capacidade do equipamento que será paralisado é de 55 mil toneladas de ferro-gusa por mês ou 600 mil toneladas por ano. O equipamento havia ficado um ano e dois meses parado, quando, após mais de R$ 65 milhões em investimentos, voltou a operar.
Preço do aço não deve ser alterado
Em uma situação normal, a paralisação da Usiminas poderia gerar aumento de preços, já que os custos da siderúrgica vão aumentar e poderiam ser repassados. Mas com o preço do minério de ferro em queda, é muito difícil que o aço sofra um novo reajuste, segundo especialistas.
"A Usiminas vai pagar caro pelas placas e não vai querer vender mais barato, já que o custo de produção deverá aumentar. Mas o preço do aço no mercado está estável e assim deve continuar até o fim do ano. É claro, não vai haver redução de preço, como alguns imaginavam, com a briga das usinas pela oferta, mas subir também não vai, já que os preços lá fora estão em queda", diz Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço. Para ele, a exceção seria a alta do dólar, "mas isso também não deve ocorrer".
Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, explica que o preço do aço não diminuiu com a retomada do alto forno da Usiminas, pouco meses atrás, e também agora não deve ter impacto substancial diante desse evento.
Ele diz que o impacto será muito mais forte para a própria Usiminas, que terá problemas operacionais e poderá ter de mexer nas margens para atender os contratos que já foram feitos levando em consideração a operação do alto forno.
Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, também acredita que o preço não deve sofrer alteração até o fim do ano. "Se caso acontecer de o preço internacional cair muito, aí eles darão desconto, sempre foi assim. Mas reajuste para cima este ano eu não espero", afirma.
Produção interna
Carlos Loureiro, do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, diz que o mercado interno não deve sofrer com a paralisação do alto forno da Usiminas. Ele afirma que a siderúrgica poderá destinar novamente ao mercado doméstico as exportações que haviam sido retomadas com o reabastecimento completo por aqui.
Marco Polo Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, avalia que a produção de aço provavelmente será revista, mas as vendas de laminados não serão alteradas porque a Usiminas vai comprar placas para relaminar.
Segundo os últimos dados da Aço Brasil, a produção brasileira de aço bruto chegou em agosto a 3,1 milhões de toneladas, um aumento de 14,1% ante o apurado no mesmo mês de 2020. Já a produção de laminados foi de 2,3 milhões de toneladas, 25,7% superior à registrada em agosto de 2020. A produção de semiacabados para vendas foi de 748 mil toneladas, um aumento de 19,1% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2020.
As vendas internas avançaram 10,4% em relação a agosto de 2020 e atingiram 2,0 milhões de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,3 milhões de toneladas, 22,7% superior ao apurado no mesmo período de 2020. As exportações de agosto somaram 865 mil toneladas, ou US$ 868 milhões, o que resultou em aumento de 2,9% e 128,3%, respectivamente, na comparação com o registrado no mesmo mês de 2020. As importações em agosto de 2021 atingiram 461 mil toneladas, ou US$ 463 milhões, uma alta de 254,9% em quantidade e 203,7% em valor na comparação com o registrado em agosto de 2020.