A queda do Boeing 777 da Malaysia Airlines na última quinta-feira lançou novas incertezas sobre o futuro da companhia aérea asiática, cuja imagem e finanças já haviam sido fortemente abaladas pelo sumiço de outro avião, em março deste ano. Analistas do setor de avião se questionam agora se a companhia conseguirá sobreviver a duas tragédias em tão pouco tempo.
"Mesmo se isso for pura coincidência, não há registro na história da aviação de acidentes com dois aviões de grande envergadura de uma mesma companhia aérea no espaço de poucos meses", afirmou Bertrand Grabowski, diretor de aviação do DVB Bank, financeira que tem entre seus clientes a própria Malaysia Airlines. "O apoio do governo precisa ser mais explícito e talvez mais forte daqui para frente", sentenciou.
Na última sexta-feira, as ações da Malaysia Airlines caíram 11% ao fim do pregão. O pessimismo com a companhia aérea chegou, inclusive, a respingar em outras bolsas asiáticas, que também fecharam em queda, refletindo os temores de que o acidente possa intensificar as tensões políticas entre o Ocidente, a Ucrânia e a Rússia. Essa é a segunda tragédia a atingir a Malaysia Airlines só neste ano. Em março, o voo MH370 desapareceu com 239 pessoas a bordo enquanto sobrevoava o Mar do Sul da China.
Investimento
A Malaysia Airlines vem registrando prejuízos há muitos anos. A sangria aumentou, contudo, com o acidente ocorrido no início do ano. Nos últimos nove meses, o valor de mercado da companhia já caiu mais de 40%. Boatos sugerem que seu principal acionista, a Khazanah Nasional, o fundo soberano da Malásia, tem planos de privatizar a empresa.
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Nos últimos anos, a Khazanah Nasional, que atua como um braço de investimentos do governo malaio, já investiu na aérea mais de US$ 1 bilhão (R$ 2,3 bilhões) e chegou, inclusive, a indicar que uma grande reestruturação estaria a caminho. Analistas afirmam que mais investimentos são necessários para garantir a sobrevivência da Malaysia Airlines no curto prazo.
Em entrevista ao Serviço Mundial da BBC, Mohshin Aziz, analista de investimento do banco Maybank de Kuala Lumpur, descreveu como "insuperáveis" os desafios enfrentados atualmente pela Malaysia Airlines. Ele diz acreditar que, sem um significativo aporte, a companhia aérea irá à falência em menos de um ano. Mas na avaliação de especialistas, mesmo se a Malaysia Airlines garantir uma nova fonte de financiamento, permanecerão dúvidas sobre sua viabilidade no longo prazo.
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"O último incidente comprometerá por muito tempo a imagem da companhia, agora, do lado dos europeus", disse Leo Fattorini, especialista em aviação do escritório de advogados internacional Bird & Bird. "A pergunta-chave é: será que a marca conseguirá sobreviver à última tragédia?", concluiu.
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Destroços do Boeing 777 da Malaysia Airlines que caiu com 295 pessoas à bordo próximo ao vilarejo de Grabovo, na região de Donetsk, na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev
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Destroços caíram na Ucrânia nesta quinta-feira
Foto: Maxim Zmeyev
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Um conselheiro do ministro do Interior da Ucrânia informou que a aeronave foi derrubada por um míssil disparado por separatistas
Foto: Maxim Zmeyev
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Um funcionário dos serviços de emergência disse que pelo menos 100 corpos foram encontrados
Foto: Maxim Zmeyev
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A polícia e os bombeiros estão no local para atender a ocorrência
Foto: Maxim Zmeyev
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Em comunicado oficial, a Boeing se colocou à disposição das autoridades na investigação do acidente
Foto: Dominique Faget
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Destroços do avião estão espalhados pelo vilarejo de Grabovo
Foto: Dominique Faget
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Entre os mortos haveria 23 cidadãos americanos, mas ainda não há informação sobre as demais nacionalidades
Foto: Maxim Zmeyev
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Em 8 de março deste ano, um outro avião da Malaysia Airlines que decolou de Kuala Lampur em direção à Pequim, com 239 pessoas a bordo, desapareceu dos radares
Foto: Dmitry Lovetsky
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Um dos focos de fogo do avião da Malaysia Airliness que caiu nesta quinta
Foto: Dmitry Lovetsky
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Seguranças do Aeroporto internacional de Kuala Lumpur, na Malásia procuravam informações do voo que vinha de Amesterdã
Foto: Vincent Thian
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A entrada da Malaysia Airlines está fechada no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur
Foto: Olivia Harris
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Após o acidente, o posto de atendimento da Malaysia Airliness fechou em Amesterdã, na Holanda
Foto: Olaf Kraav
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O presidente da Ucrânia,Petro Poroshenko afirmou ter convicção de que se trata de um "ato terrorista"
Foto: Mykola Lazarenko
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Este é o segundo avião da empresa que desaparece dos radares nos últimos meses
Foto: Tomas Manan Vatsyayana
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Avião da Malaysia desaparece na Ucrânia perto da Rússia
Foto: Tomas Bartkowiak
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Em imagem, avião da Malaysia Airlines é fotografado enquanto levanta voo
Foto: FRED NEELEMAN
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Separatista é visto sobre destroços do avião, na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev
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Mulher põe flores na entrada do aeroporto de Schipol, em Amsterdã, um dia após a tragédia com o avião da Malaysia
Foto: Dominique Faget /AFP
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Homem usa celular para registrar os destroços do avião da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia após ser atingido por um míssil
Foto: Dominique Faget /AFP
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Um funcionário do resgate demarca locais em que corpos das vítimas foram encontrados na área em que o avião da Malaysia caiu
Foto: Dominique Faget /AFP
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Soldado pró-Rússia encontra um brinquedo entre os destroços do avião da Malaysia Airlines
Foto: Dmitry Lovetsky/AP
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Soldados pró-Rússia resguardam a área em que caiu o avião da Malaysia Airlines
Foto: Dmitry Lovetsky/AP
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Um representante da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa acompanha os trabalhos de resgate perto de destroços do avião da Malaysia que caiu na Ucrânia
Foto: Dmitry Lovetsky/AP
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Separatistas pró-Rússia reúnem pertences de passageiros do avião que caiu na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev/Reuters
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Pertences de passageiros encontrados na área em que caiu o avião da Malaysia na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev/Reuters
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Pertences de passageiros encontrados na área em que caiu o avião da Malaysia na Ucrânia
Foto: Maxim Zmeyev/Reuters
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em pronunciamento sobre o desastre do avião da Malaysia; Obama disse que o míssil partiu de um território controlado por separatistas pró-Rússia
Foto: Larry Downing/Reuters
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