O 13º salário, uma gratificação que se tornou uma parte essencial do cenário econômico brasileiro, é um benefício financeiro concedido aos trabalhadores do País. Com a chegada do final do ano, alguns Estados já começaram a se antecipar no pagamento das parcelas do 13º salário mínimo. No início deste mês, por exemplo, o governo do Rio Grande do Sul anunciou a antecipação do pagamento para os servidores públicos estaduais.
Este adicional de renda, equivalente a um salário mensal, é fundamental para muitas famílias que dependem dele para despesas de fim de ano, como presentes de Natal e despesas de viagem.
No entanto, a forma como o 13º salário é pago e utilizado varia consideravelmente de região para região no Brasil, e essas diferenças têm um impacto significativo nos contextos econômicos locais e na forma como as famílias administram suas finanças.
Como é feito o cálculo
O cálculo do 13º salário é feito de uma média dos 12 salários pagos ao longo do ano. A legislação determina que o 13º salário seja pago em duas parcelas. A primeira, equivalente a metade do salário bruto, deve ser depositada na conta do trabalhador até o final de novembro, sem nenhum desconto.
Já a segunda parcela deve ser paga até o final de dezembro e também equivale à metade do salário bruto, mas com descontos de impostos e contribuições sociais.
Impactos econômicos regionais
As características econômicas de cada região, como o desenvolvimento da estrutura econômica, o PIB Estadual e as indústrias locais, afetam a disponibilidade e o pagamento do 13º.
"No Brasil, existem regiões que possuem maior mão de obra formal, enquanto outras possuem mais mão de obra informal. A parcela da população que é atendida pela política de 13º salário é a parcela da população com carteira assinada, nos moldes da CLT. Então, a distribuição e as desigualdades regionais vão fazer com que você tenha diferentes níveis de formalidade no País", explica a CEO da NoFront e economista especializada em trabalho e gênero, Gabriela Chaves.
Em áreas economicamente mais desenvolvidas, as famílias podem investir esse dinheiro em bens duráveis, como eletrônicos e automóveis, estimulando o setor de varejo. Por outro lado, em regiões menos favorecidas - como é o caso das regiões Norte e Nordeste do Brasil, segundo a especialista -, o 13º é vital para suprir necessidades básicas, como alimentação e habitação.
Cenário de endividamento
Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a taxa de endividamento das famílias brasileiras chega próximo aos 80%. A cada 10 famílias brasileiras, 8 têm dívidas. Logo, a política de 13º pode ser uma saída para a quitação dessa inadimplência.
"Com mais dinheiro na economia, parte desse valor vai para o consumo e quando as pessoas consomem mais, as empresas vendem mais, a indústria produz mais, então tem um efeito multiplicador positivo para promover o crescimento econômico e parte das pessoas podem usar para pagar dívidas anteriores. É positivo, pois reduz o risco de inadimplência, o que é muito bom também para economia e parte das pessoas podem poupar esse valor", destaca o economista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Agra.
Além disso, o especialista dá algumas dicas de como prevenir o quadro de endividamento e utilizar o dinheiro de maneira inteligente e organizada. "Temos que entender em qual situação esse público endividado se enquadra e se essas dívidas estão fora do controle. Ou seja, para as pessoas que estão inadimplentes, o primeiro conselho é pagar as dívidas atrasadas. E sempre separar uma parte para uma reserva; até porque, no início do ano que vem, surgem outras despesas como IPTU, IPVA e material escolar", lembra.
* Trainee sob supervisão de Karen Lemos