Economista deixa carreira de concursada e hoje é dona de duas redes de franquia no Rio

Sálua Bueno é sócia-fundadora da Amélie Crêperie, Juliette Bistrô e colabora com a Belisco

23 out 2024 - 05h00
Resumo
Sálua Bueno é uma empreendedora de sucesso na área da gastronomia, tendo aberto dois negócios no Rio de Janeiro e consolidado uma carreira no mercado.
Sálua Bueno é economista de formação
Sálua Bueno é economista de formação
Foto: Renato Wrobel

Para Sálua Bueno, o empreendedorismo não surgiu como uma necessidade. Não lhe faltava emprego, pelo contrário. Na verdade, ela estava muito bem empregada, concursada em um serviço público. A necessidade era interna mesmo, e lhe causou muitas dúvidas até que encarasse seu destino como empresária.

Hoje com 41 anos, e uma década depois de abrir seu primeiro negócio, Sálua consolidou uma carreira no mercado da gastronomia, à frente de duas redes de franquias no Rio de Janeiro e colaborando com mais um restaurante na mesma cidade. A decisão de se jogar no sonho não foi fácil, mas tem sido compensatória.

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"É muito difícil você abrir mão de algo que é tão valorizado também por família, por sociedade. Então, você acaba achando que você está errada, né? Porque todo mundo fala o contrário", afirma, sobre a escolha de pedir exoneração.

Seu primeiro negócio foi o Amélie Crêperie, um bistrô francês especializado em galette, um tipo de crepe feito com trigo sarraceno. Com a mente de economista a todo vapor, Sálua percebeu um espaço disponível no mercado para explorar essa iguaria francesa pouco vista no Rio.

A primeira loja foi inaugurada em 2014, no Shopping da Gávea. Sálua contratou um consultor francês e um paulista para desenhar o restaurante.

"Nesses anos de estrada que eu tenho, para você criar um negócio que funcione, que tenha uma demanda, uma fidelização de cliente, você tem que criar toda uma estrutura de negócio que seja coesa. Ele tem que fazer sentido, tem que ter personalidade no negócio", acrescenta.

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Para se dedicar à inauguração do espaço, Sálua pediu licença não-remunerada do serviço público por seis meses. Depois, prorrogou o benefício o máximo que podia e, quando chegou ao fim, voltou ao cargo.

Ela conta que tentou equilibrar a vida PJ com a de concursada, mas acabou ficando insustentável. O medo de perder a segurança de um emprego público estava sempre ali. Foi com o empurrão de uma amiga que Sálua entendeu que tinha estrutura financeira e capacidade para se jogar no sonho de empreender.

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Planejamento e expansão

Sálua tem um pé - ou mais que isso - na academia. Ela é mestre em Economia e estava se preparando para um doutorado nos Estados Unidos, em 2008, quando percebeu que não era mais aquilo que queria. Ela desistiu de iniciar a nova formação por receio de se "engessar" e perder a conexão com o mercado de trabalho.

Foi também nesse período que passou a entender que queria migrar para o empreendedorismo. Junto com o marido, passou a economizar para, anos depois, tirar a Amélie do papel.

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Os dois fizeram um investimento inicial de R$ 450 mil no negócio, que contou também com a viabilização de outros sócios. Hoje, são cinco restaurantes da marca espalhados pelo Rio de Janeiro, com faturamento médio mensal de R$ 240 mil.

Atualmente, todas as lojas da Amélie atuam no modelo de franquia.

"A gente está gostando muito desse modelo, porque permite que exista um diálogo muito interessante com pessoas que têm cada um a sua loja, o seu público, a sua visão, e acaba enriquecendo muito as discussões, a criação de novos produtos", afirma Sálua.

Irmã da Amélie, surge também o bistrô Juliette. Com o sucesso da creperia, Sálua imaginou que seria possível expandir o conceito que trazia no primeiro negócio para um segundo, com maior variedade no cardápio, não se restringindo a um carro-chefe.

"Com isso, a gente consegue estar presente, de repente, no mesmo shopping com as duas marcas, algo que a gente não conseguiria se tivesse só o Amélie", explica.

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A caçula da família possui duas unidades também na capital fluminense. Segundo Sálua, o faturamento mensal dos restaurantes da marca é similar ao da creperia.

Para se tornar um franqueado da Amélie ou Juliette, Sálua explica que o investimento varia de acordo com o espaço que o interessado possui disponível para o negócio.

"Eu já tive lojas em que a gente pegou uma loja que já era restaurante, por exemplo, e que o custo foi muito baixo de implantação, porque já estava quase tudo pronto, então foi mais fazer a decoração", explica.

Já em outros casos, é preciso construir tudo do zero. Por isso, ela prefere anunciar que o investimento gira em torno de R$ 550 mil, para dar uma margem de segurança.

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Conselho a futuros empreendedores

Hoje, Sálua não se arrepende de forma alguma de ter largado o emprego público. Sem compartilhar valores, ela conta que o salário que ganhava como funcionária pública era bem alto e, durante períodos mais apertados, como o da pandemia, ficou sem ganhar nada com os restaurantes.

Mas ela acredita que são fases.

"Nesse momento que as coisas estão indo bem, a minha rentabilidade é muito maior. E é óbvio que no futuro tende a ser mais ainda", afirma.

O segredo, para ela, é apostar sempre no longo prazo. Essa, inclusive, é a dica que Sálua deixa para os aspirantes a empreendedores no universo gastronômico: não se prender a pequenos lucros, mas à construção de uma marca sólida.

"O maior conselho que eu posso dar é a pessoa realmente criar, pensar no negócio que ela vai estar gerando um valor para o seu cliente final. É preciso ter muito cuidado com modelos que você vai criar que vão tentar, digamos assim, extrair do seu cliente, ao invés de entregar", afirma.

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Fonte: Redação Terra
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