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Você não viu, mas os empregados estão no controle do negócio

Empreendedorismo nunca esteve tão na cabeça dos profissionais como agora

5 out 2022 - 03h00

No clássico livro de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, há uma passagem ainda mais clássica. Se dá quando Alice questiona o Gato de Cheshire sobre que caminho deve tomar, já que ela diz não saber para onde ir. O felino, com toda a sabedoria de sua raça, vaticina: “Qualquer caminho serve quando não se sabe para onde ir”.

Esse conselho faz muito sentido no mundo do trabalho atualmente. As pessoas – digo, a média da população ocupada – possuem um plano de carreira, mesmo que apenas rascunhado no papel ou esboçado na cabeça? Algo simples: “hoje trabalho na empresa x, no departamento y. Daqui a cinco anos, quero chegar a diretor do meu departamento. Para isso, entendo que preciso me qualificar nas disciplinas a e b, além de melhorar meus resultados nas áreas c e d.”.

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Parece algo bobo, mas não é. Quem não sabe aonde quer chegar não busca as ferramentas para se aperfeiçoar. Segue somente o ritmo dos acontecimentos. É muito importante que o executivo reflita sobre seu futuro corporativo, sob pena de ver sua carreira ser definida por terceiros, não por suas próprias escolhas.

O que faz sentido no ambiente corporativo

Um alento veio da mais recente pesquisa People at Work 2022: A Global Workforce View, conduzida pelo ADP Research Institute. De acordo com o levantamento, que ouviu cerca de 33 mil trabalhadores, em 17 países, incluindo o Brasil, os profissionais estão cada dia mais alinhados às necessidades do mercado de trabalho. São pessoas que compreendem as mudanças e, na medida do possível, tentam se antecipar sobre o que pode estar fazendo mais ou menos sentido no ambiente corporativo.

De acordo com o levantamento, quatro em cada cinco entrevistados brasileiros (81%) consideraram realizar migração de carreira nos últimos 12 meses. Ou seja, a pessoa que percebeu esse movimento e iniciou sua migração de forma precoce teve uma vantagem sobre aqueles que demoraram mais para perceber tais mudanças.

Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos da ADP
Mariane Guerra, vice-presidente de Recursos Humanos da ADP
Foto: Divulgação

O empreendedorismo nunca esteve tão na cabeça dos profissionais como agora, no pós-pandemia de Covid-19. Isso se deve, entre outros motivos, à percepção que o home office trouxe, de que a tecnologia pode ser utilizada a nosso favor, das mais diferentes formas. Para isso, nada mais óbvio do que buscar inovações, sejam elas instrumentais ou disruptivas.

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A pandemia gerou uma oportunidade para as pessoas repensarem muito a vida, como um todo. Creio que momentos de ruptura como o que enfrentamos nos últimos dois anos provocam tais reflexões. 

“O que é mais importante para mim” resume bem este momento. É preciso que o empregado reflita muito sobre esse ponto. É importante ter isso em mente, não só para buscar atingir e superar as metas que todos temos diariamente, mas principalmente para saber o seu valor dentro da empresa. Lembra-se da pergunta da Alice?

Se não está feliz, cria seu próprio negócio

O profissional nunca esteve tão no controle de sua carreira como em 2022. É ele quem passou a ditar o ritmo da inovação na empresa, na medida em que também é consumidor dessas ou de outras soluções. Como ressaltado na People at Work 2022, é ele quem define onde e quando trabalhar. 

Se não estiver feliz no ambiente corporativo, nada o impedirá de abrir seu negócio ou mesmo de buscar a satisfação em outra companhia ou área de atuação.

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Vale destacar que a história de Alice termina com uma ordem da Rainha para que a decapitem, por ela não concordar com os rumos que a tirana está dando ao seu reino. Um exercício simples: na frase anterior, substitua as palavras “rainha”’, “decapitem”’ e “reino”’ por “gestor/gestora”’, “demitam”’ e “empresa”’. 

Ou seja, se o empregado não concorda com os rumos que a alta diretoria quer dar à empresa, seu lugar não é mais ali. Faz sentido para você? Saiba que, para quatro em cada cinco brasileiros, faz muito sentido.

(*) Mariane Guerra é vice-presidente de RH para a América Latina da ADP.

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