Os bancos oferecem a possibilidade de pessoas físicas 'devolverem' parte do CO2 gerado através da compra de créditos de carbono. Estes créditos são enviados para projetos de remoção ou emissão evitada de CO2 no planeta.
Todos os dias, nas nossas milhares de tarefas, estamos gerando novas emissões de gás carbônico (CO2) no planeta. Desde entrar no carro para ir ao trabalho ou até mesmo ficar em casa com o computador ligado, a depender de como é gerada a sua energia elétrica, você também está produzindo mais CO2.
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Para ajudar pessoas comuns, como eu e você, a entender qual é a parte que nos cabe na poluição e aquecimento da Terra, bancos têm desenvolvido ferramentas que calculam a sua pegada de carbono e dão opções para compensar esse gasto através do chamado crédito de carbono.
O que é o crédito de carbono?
Quem está interessado em "devolver" uma parte do CO2 que gerou pode comprar créditos de carbono. Marcelo Campos, especialista neste mercado no Banco do Brasil, explica que o crédito de carbono representa uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida ou foi removida da atmosfera.
"Eles são gerados a partir de projetos de emissão evitada ou remoção, como projetos de conservação de florestas (emissão evitada) ou projetos de reflorestamento (remoção de carbono da atmosfera), por exemplo", afirma.
Ou seja, os bancos que dão chance às pessoas físicas comprarem créditos de carbono destinam esse dinheiro para projetos que trabalham na diminuição do gás na atmosfera.
Na esfera global, desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, a negociação de créditos de carbono entre países se tornou mais comum para que cada nação possa cumprir suas respectivas metas. É como se o carbono virasse uma moeda.
Como pessoas físicas podem compensar sua pegada de carbono?
Para saber como compensar sua pegada de carbono, basta abrir o aplicativo do seu banco, clicar em alguns ícones lá dentro e, tcharam!, seus gastos mensais foram traduzidos para quanto você produziu de carbono. Essa é uma opção disponível em alguns bancos, como o Inter e o C6 Bank.
"Todo esse processo é feito de forma automática. Então, esse cliente vai lá, acessa o Extrato de Carbono, visualiza como seus gastos de dia a dia, seja no cartão de débito, crédito, transferência e Pix para pessoa jurídica, estão ali contabilizados. Ele consulta isso, da mesma forma que ele faz uma consulta de extrato de conta. E aí, ele vai visualizar ali quanto cada compra dele, qual que é o estimado de carbono ali", explica Daniella Donadio, líder de Diversidade e Inclusão e Desenvolvimento Organizacional no C6 Bank.
Pelo próprio aplicativo do C6, o consumidor consegue escolher a quantidade de carbono que ele quer compensar. Em uma simulação no aplicativo, é possível compensar a partir de R$ 0,14.
O crédito de carbono comprado na plataforma é destinado para o projeto Redd+ Manoa, de conservação da floresta amazônica.
Já no aplicativo do banco Inter, o Terra também simulou o uso da calculadora. A ferramenta, produzida em parceria com a GSS Carbon, calcula a sua emissão de carbono através de perguntas sobre os seus hábitos pessoais. Por exemplo, qual meio de transporte você costuma utilizar ou com qual frequência compra roupas novas.
Por esta ferramenta, somos redirecionados para compensar a nossa emissão total - que pode também ser parcelada em até 12 vezes - e, no caso da simulação, girou em torno de R$ 150. O Inter oferece como benefício a quem compensa suas emissões de carbono um cashback de 5% para ser usado na loja do aplicativo.
"O cliente compensa suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) através da compra dos créditos de dois projetos: Unidades de Valorização Sustentável (UVS) e Geração de Energia Renovável", afirma Ana Luiza Vieira Franco Foranttini, Diretora Jurídica, de Compliance e ESG do banco Inter.
Pessoas físicas também podem gerar crédito de carbono
No Banco do Brasil (BB), dentre as iniciativas relacionadas à compensação de carbono, uma torna a pessoa física uma geradora de créditos de carbono.
"Clientes pessoas físicas que possuem propriedades rurais podem verificar junto ao BB se a área possui potencial para geração de créditos de carbono. Basta procurar uma agência BB ou acessar o site e fazer a análise de forma gratuita. Isso vale também para empresas, que podem ainda buscar assessoria para a realização de inventário de suas emissões e planos para descarbonização do processo produtivo", afirma Marcelo Campos.
O porta-voz do BB explica que novas funcionalidades ainda estão sendo desenvolvidas para que elas possam comprar crédito de carbono através do banco. Por enquanto, a atuação da instituição está mais relacionada ao outro lado da moeda - empresas que querem diminuir suas emissões ou projetos que fazem essa compensação.
"Já atingimos 670 mil hectares em áreas de floresta preservadas a partir de projetos de conservação, com um potencial de geração de cerca de 2,5 milhões de créditos anualmente. Todos esses projetos são de clientes do Banco, que contam com o nosso apoio em todas as etapas de desenvolvimento até a efetiva comercialização dos créditos gerados", diz Marcelo Campos.