A Black Friday nasceu nos Estados Unidos com o intuito de renovar os estoques das lojas para o Natal. Mas vale a pena antecipar as compras dos presentes natalinos já em novembro? Um levantamento realizado pela Cuponomia, site que reúne ofertas e cupons de descontos, revela que mais de 65% dos consumidores brasileiros pretendem adotar a estratégia neste ano.
Para o especialista em finanças pessoais João Victorino, a Black Friday pode ser tanto uma oportunidade quanto uma cilada para as compras de fim do ano. Sem um planejamento prévio e uma pesquisa cuidadosa, o consumidor corre o risco de cair na armadilha de comprar "tudo pela metade do dobro", quando lojas aplicam promoções sobre preços inflacionados.
A professora de Comportamento do Consumo na ESPM, Paula Sauer, adverte para uma possível tendência de aumento dos preços com a proximidade das festas de fim de ano e o consequente aumento natural da demanda. “Em alguns casos, de maneira expressiva”, ressalta.
Por isso, a temporada de ofertas é ideal para aqueles consumidores que se planejaram com antecedência para a data, indica João Victorino. De acordo com o especialista, é preciso saber exatamente o que se quer comprar para não ultrapassar o orçamento reservado aos presentes natalinos.
Henrique Castro, professor de Finanças da FGV, vê a Black Friday como uma boa ocasião para despesas, desde que o consumidor encontre uma promoção que realmente valha a pena.
Cuidados
Entre as estratégias para aproveitar a Black Friday da melhor maneira para o Natal, a professora Paula Sauer sugere que o consumidor tenha uma lista das pessoas que pretende presentear. Nela, orienta que o consumidor especifique o orçamento e os produtos para familiares e amigos mais próximos, e considere as "lembrancinhas" para colegas ou para as trocas de presentes de 'Amigos Secretos'.
João Victorino alerta ainda para os perigos do pagamento parcelado no cartão de crédito, recomendando preferencialmente o pagamento à vista para evitar extrapolar as suas condições financeiras atuais e acumular dívidas para 2024.
Adiar é opção
Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, o Dia de Ação de Graças não tem grande peso no País. O advogado especializado em direito do consumidor Arthur Rollo explica que a renovação de estoque para o Natal não acontece da mesma forma no mercado brasileiro.
“Pela questão cultural, a Black Friday é muito mais intensa nos EUA, os descontos são muito atrativos. O mesmo não acontece no Brasil”, afirma. De acordo com ele, o verdadeiro período de promoções no Brasil acontece na segunda quinzena de janeiro, quando as lojas buscam liquidar o estoque adquirido para o Natal.
Se houver a opção de aguardar um pouco mais para presentear a família e amigos, adiar as compras pode ser uma alternativa para poupar ainda mais o bolso.
Além disso, comprar com muita antecedência pode afetar o prazo da garantia e troca dos produtos. O código do consumidor permite a troca de compras online em até 30 dias, contados a partir da chegada do produto, enquanto nas lojas físicas o prazo pode variar.
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