Trabalhando há mais de 20 anos em arraiais, seu Luís Carlos Almeida fala com orgulho do trabalho de vendedor de bebidas: “Assim consegui boa parte das coisas que tenho”, afirma isso colocando a mão na sua carretinha de bebidas enquanto participava da prévia de São João no Maranhão, no evento projeto Reencontros.
Seu Luís vende de tudo: cerveja, refrigerante, água e algumas bebidas quentes porque “sempre tem cliente querendo uma coisinha mais forte”.
Aos 49 anos já realizou o sonho da casa própria. Comprou um terreno e construiu uma residência de dois andares onde vive com a esposa e a filha. Também conseguiu comprar um carro “pra movimentar a carretinha e chegar nos eventos sem precisar da ajuda de ninguém, aí só acoplo e vou pra onde tenho que ir”, conta sorrindo.
Apesar de lucrar bem nos eventos, o trabalho principal é de fretamento. Seu Luís já perdeu alguns shows porque “não posso deixar meus clientes na mão, não dá pra trocar o certo pelo duvidoso”.
Um cliente chega pedindo uma garrafa de cerveja. Seu Luís com toda simpatia alerta que não pode entrar com vidro. O homem mostra um copo grande “será que cabe? ”, pergunta sorrindo. Seu Luís devolve o sorriso “dá e ainda sobra um pouquinho” fala enquanto enche o copo. Espera o cliente beber o pouquinho que sobrou da garrafa, confirma o pagamento no celular e volta:
“Ahh, comprei também um terreninho no interior com umas cabecinhas de gado”, conta.
Isso tudo conseguiu por ser organizado com as finanças. O vendedor reparte o que ganha com a venda das bebidas: “O que vendo no dinheiro e Pix uso para o geral, como comida, material, gasolina, essas coisas. Já o que ganho no cartão (de crédito) vai direto para poupança para ser uma reserva, quando a gente precisa vai lá e tira”.
“Quanto é a latinha? ”, chega mais uma cliente e seu Luís interrompe o papo novamente para atender.
Outros clientes se aproximam e ele pede ajuda para a sobrinha que o estava acompanhando.
Pandemia ainda
Conta que “dá um agrado” para quem o ajuda, seja a sobrinha, a filha ou outro parente que o acompanhe nos eventos. “O agrado varia conforme as vendas, se foi bom, uns R$100, se não, se a venda foi fraca, fica entre R$ 50 a R$ 80”.
Reclamou que o movimento caiu comparado com anos anteriores. Que antes, no mês de maio, conseguia tirar uma boa grana já nas prévias de arraiais.
“É por causa daquela pandemia. O pessoal ainda tá com medo de andar no meio de muita gente, eu acho”. Se referindo à pandemia da Covid-19.
Mesmo assim ele acredita que as coisas vão melhorar. Até porque, como diz seu Luís: “O São João tá só no começo”.