A Festa da Carreta Junina é uma comemoração que virou tradição em Monteiro, no Cariri da Paraíba. O que começou como uma brincadeira do casal Úrsula Keyla Feitosa Morais, 47 anos e Ivaldo de Morais de Sousa, 57 anos, no início dos anos 2000, se tornou celebração anual e sinônimo de reencontro da população local.
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Apesar de ser conhecida apenas por uma parcela de locais de Monteiro, a comemoração inusitada, que já dura cerca de 10 anos, escreveu um capítulo cômico e espontâneo nas festas juninas do interior.
A carreta do tipo cegonha com foliões e um trio de forró percorrendo as ruas de Monteiro, por sua vez, foram compilados em fotos e relatos, que remetem a um tempo da informalidade e simplicidade das tradições juninas.
A história da Carreta Junina começa junto a história de amor de Úrsula e Ivaldo, nos anos 90. Úrsula decide fugir de casa para viver um romance com um caminhoneiro, no caso Ivaldo.
Os jovens, de, na época, 22 e 32 anos de idade, respectivamente, decidiram se aventurar e iniciar uma jornada nas estradas do Brasil. Acontece que, ao chegar no período das festividades juninas, a saudade bateu mais forte.
"Eu dei uma fugidinha de casa para poder casar (risos). Na verdade, minha intenção não era casar. Era viajar com meu marido e depois voltar. Meu marido é cegonheiro. A gente ficou um tempo viajando. Fiquei no caminhão viajando com ele. Mas aí quando chegou o São João em Monteiro, que a gente ama, os dois, gostam muito,voltei para casa, pedi desculpas para minha mãe pelo que tinha feito e fui curtir as festas de São João", conta Úrsula, em tom descontraído.
Entre indas e vindas do casal à terra natal, uma ideia despretensiosa numa mesa de bar deu o pontapé a uma festividade única, mas que tinha como inspiração, o Trem do Forró de Galante - cidade do interior da Paraíba, que tem um trem que faz um itinerário durante o período junino com foliões e trio de forró.
"A gente estava brincando quando alguém falou: já que não temos o trem, vamos fazer na carreta, a Carreta do Forró. Aí pronto, fizemos", continua.
Sem burocracias que impedissem, Ivaldo, marido de Úrsula, colocou seu equipamento de trabalho à disposição da folia, reuniu os amigos e sem qualquer programação prévia, começou a andar pelas ruas da cidade com um trio de forró na cegonha.
Carreta do Forró
A brincadeira foi tão bem recebida pela cidade, que prosseguiu nos anos seguintes, com mais organização. Foi quando os amigos se estruturaram e montaram uma verdadeira quadrilha junina que seguia pela cegonha e depois se reunia para dançar na cidade.
"A gente dava uma volta na cidade com a carreta e depois parava nesse lugar que tinha o forró pé de serra e lá ficava dançando", relembra Úrsula.
De 2002, primeira vez que a Carreta Junina circulou em Monteiro, até 2012, as festividades se tornaram uma celebração anual e também motivo de ansiedade entre foliões: o esperado reencontro dos amigos que saem do interior para trabalhar em outros locais e disputas de looks juninos.
Apesar do carinho e engajamento da cidade com a Carreta Junina, em 2009, um acontecimento trágico interrompeu as festividades. Um membro da quadrilha que seguia para Monteiro para comemorar o São João morreu após um acidente na estrada. Fato que suspendeu a comemoração neste ano e em 2010 também.
"Ficamos dois anos sem fazer e depois retornamos. Mas encerramos também porque a logística na cidade estava muito complicada. O São João em Monteiro ficou muito grande e ficou ruim para circular com a carreta pela principal. Para ir pela BR (rodovia federal) ou por fora perdia a graça", conta Úrsula.
Inviabilizada por questões de mobilidade urbana, a Carreta Junina teve seu último registro em 2012. Desde então, a festa saiu das ruas e ficou apenas das lembranças eternizadas na memória dos foliões.